Ata do Copom não descarta aumento na taxa de juros

Documento aponta que permanecem incertezas sobre a intensidade do reflexo da crise no RS

Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avaliou que a redução das estimativas de inflação, pede uma “atuação firme” e que se manterá “vigilante”. Além disso, a ata do último encontro divulgada nesta terça-feira, 25, pelo Banco Central, apontou que “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros, com possíveis aumentos na Selic, “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”. O Comitê aponta que se manterá vigilante e relembra que eventuais “ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.

No encontro, por unanimidade, a diretoria e o presidente Roberto Campos Neto, votaram por interromper o ciclo de corte dos juros básicos da economia – que vinha desde agosto do ano passado, mantendo a taxa de juros nos 10,50% ao ano. Conforme a ata, o BC aponta que um patamar mais alto de inflação prejudica, principalmente, a população de baixa renda.

“A inflação cheia ao consumidor tem apresentado trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,0% e 3,8%, respectivamente”, aponta o documento.

Conforme o documento do Copom, na avaliação do cenário interno, em função do cenário mais desafiador, o Comitê analisou e comunicou um cenário alternativo com a manutenção de juros constante, “com trajetória antecipada pelos agentes, ao longo do horizonte relevante. Em tal cenário, as projeções para a inflação situam-se em 4,0% e 3,1% para 2024 e 2025, respectivamente”.

Destaque também para a questão fiscal. O Comitê apontou que monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. Reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária. “Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, aponta a ata.

RIO GRANDE DO SUL

A ata considera ainda que há grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul. “Permanecem incertezas sobre a intensidade da queda de atividade e sua recuperação subsequente, bem como sobre a diminuição do estoque de capital, causadas pelas enchentes e inundações”, revela. Alguns membros mostraram maior preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, destacando não só o efeito das enchentes do Rio Grande do Sul, como também revisões nos preços de alimentos em outras regiões.