Justiça Militar realiza mais uma audiência sobre torcedores torturados por policiais em Porto Alegre

Caso aconteceu em maio de 2022, envolvendo torcedores do Brasil de Pelotas. Um dos torcedores passou 116 dias internado

Foto: MPRS/Divulgação

A Justiça Militar Estadual realizou nesta segunda-feira a terceira audiência sobre o caso de torcedores torturados por policiais militares em Porto Alegre. Nesta audiência foram ouvidos Rai Duarte e mais três torcedores do Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas. Conforme a denúncia, Rai Duarte, junto com outros torcedores, foi vítima de tortura por parte de policiais militares em maio de 2022 em Porto Alegre.

Rai foi quem teve as lesões mais graves, chegou a ficar 116 dias internado, sendo 47 dias na UTI, em estado de coma induzido, e passou por 14 cirurgias. No caso dele, trata-se de tortura qualificada. Pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), a promotora de Justiça Janine Borges Soares apontou a inversão de valores que atingiu as vítimas neste caso.

“Ao mesmo tempo, abala a confiança da sociedade nas instituições, e isso é péssimo para o Estado democrático de direito. Nesse contexto, o MPRS buscará a condenação dos réus com todo o rigor, para que seja feita justiça e preservada a credibilidade das instituições que compõem o sistema de Justiça”, destacou.

O advogado Rafael Martinelli está atuando como assistente de acusação. No total, 17 policiais foram denunciados, a maioria por tortura contra 12 torcedores. Também houve denúncia por injúria e ameaça. A previsão inicial era terminar as oitivas de todas as vítimas nesta segunda-feira. Como uma delas não pode comparecer por motivos de saúde, nova audiência será marcada para outra data. Os policiais militares serão ouvidos somente no final da instrução.

Relembre o caso

Em maio de 2022, após um jogo entre Brasil de Pelotas e o Esporte Clube São José, no Estádio Passo D’Areia, em Porto Alegre, houve uma confusão entre torcedores na arquibancada e 11 homens foram detidos. Rai foi retirado por policiais militares de dentro do ônibus onde estava com outras pessoas para retornar ao Sul do RS. Dentro de uma sala do estádio, segundo a denúncia do MPRS, ele foi torturado.