“Tive que ficar correndo atrás de documentos, com minha casa cheia d’água. Além de ter que comprovar, de forma muito humilhante, que sou pobre, ainda preciso comprovar isso nesse momento, com minha casa comprometida”. Esse é o relato de Bruna Silveira de Jesus, 19 anos, estudante de Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do RS (Ufrgs).
Ela ingressou na Universidade este ano, via cota destinada a egressos de escola pública com renda familiar igual ou inferior a um salário mínimo por pessoa. Como os demais alunos contemplados por essa política, Bruna teve de enviar uma série de documentos à instituição para comprovar sua situação. Os papeis incluem, por exemplo, detalhamento da renda do pai, com quem a estudante não tem contato.
Esse e outros registros faltaram ser encaminhados por Bruna à Ufrgs na última quarta-feira, quando encerrou o prazo determinado pela Universidade, no caso da estudante. Por enquanto, ela segue com matrícula provisória e o medo constante de perder a vaga na graduação. A situação pela qual passa Bruna é transtorno antigo dentre a comunidade universitária.
A novidade é que, mesmo com o desastre climático que acometeu o Estado, a partir do final de abril, a Ufrgs fez diversos ajustes no seu calendário acadêmico, mas não alterou os prazos de envio de documentação estipulados aos alunos cotistas. Para tentar solucionar a questão, ao menos por ora, o Diretório dos Estudantes (DCE) enviou ofício à Reitoria da Ufrgs, no último dia 10/6, solicitando a suspensão dos prazos.
“Parte da documentação exigida é emitida por órgãos que estão operando de forma parcial/emergencial por conta das enchentes. E ainda não há mobilidade à disposição dos alunos para buscar junto às instituições os documentos que a Universidade solicita”, argumenta o documento.
Segundo Matheus Fonseca, coordenador-geral do DCE, até agora a instituição não emitiu resposta ao ofício. Ele acrescenta que o Diretório também questionou a Pró-Reitoria de Graduação e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da Ufrgs em relação ao desligamento de estudantes com matrícula provisória durante 2024, mas também aguarda retorno. Já a Assessoria de Comunicação da Ufrgs informou à reportagem, que o pedido de esclarecimentos sobre este assunto “foi enviado ao secretário de Comunicação da Ufrgs, para encaminhamento e deliberação”.