Fosse outro o treinador, o cenário seria de incertezas maiores no Grêmio. Não pela capacidade de Renato Portaluppi comandar uma reação, mas pelo simples fato de só ele ser capaz de ter o trabalho inabalável após cinco derrotas seguidas. A situação no Brasileirão é neste momento um dos problemas que tenciona o ambiente tricolor. Mas há outros dentro e fora de campo, principalmente envolvendo a casa gremista. Ou a falta que ela faz ao time e à torcida.
Nas entrelinhas da nota publicada pela Arena e nas pausas da fala do presidente Alberto Guerra logo após o texto vir a público minutos depois do jogo contra o Fortaleza, percebe-se a gravidade do caso agora judicializado.
O Grêmio quer ver o caminho do dinheiro do seguro para a recuperação do estádio, ação que a empresa não viu assim: “A opção do presidente Alberto Guerra por impedir a recuperação da Arena não se coaduna com o interesse da torcida. O que está por trás não conseguimos entender” é apenas o final da manifestação da Arena, rebatida em seguida pelo dirigente: “Se eu fosse contar tudo que aconteceu só no período dessa gestão, todas as negociações que foram feitas, inclusive para a compra da Arena, a forma como o Grêmio foi tratado, não é bacana expor isso ao público, mas se precisar seria preciso uma coletiva própria”.
Mesmo não sendo uma novidade a relação estremecida entre as partes, a hora em que ela atinge o ponto atual reflete diretamente na parte técnica. E aí reside a preocupação no clube, pois sem ter o estádio para mandar os jogos, a tarefa de se impor diante dos adversários fica ainda mais difícil, como os resultados recentes mostraram. E sem a perspectiva de voltar para casa, haverá de se ter muito controle do vestiário e experiência para lidar com o que está por vir nos próximos meses.
Por ora, o pensamento é o Gre-Nal e de forma isolada já há problemas de sobra que o cercam. Sem Pepê, expulso, Carballo deve ser o substituto. No único clássico do ano vencido pelo Inter, Renato alertou não ter podido contar com Soteldo, Diego Costa e Pavón. Destes, só o argentino está à disposição. Naquele fevereiro, o técnico profetizou uma frase que valeria para o momento atual: “Tem muita coisa para acontecer ainda”.