A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) de pausar o ciclo de redução da taxa básica de juros do País, embora seja má notícia para o setor produtivo, é necessária em meio a uma conjuntura econômica que aponta para riscos inflacionários. A interpretação é da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Para a entidade, o primeiro ponto de atenção é a incerteza fiscal, pois o governo admitiu, há alguns meses, que não conseguirá atingir a meta de déficit de gastos neste ano, mas não aproveitou a oportunidade para mostrar um plano de contingência alternativo ao arcabouço fiscal existente. “A Federação tem reforçado a importância em ter os gastos públicos controlados, além da necessidade do País em avançar em direção a uma Reforma Administrativa, cujo impacto se sentiria sobre o orçamento”, diz a FecomercioSP em nota.
Em paralelo, os números relativos aos investimentos estão em queda na comparação com os do ano passado, enquanto o consumo, tanto do governo quanto das famílias, permanece em alta. Todo esse contexto reforça o alerta de que pode haver um desequilíbrio entre oferta e demanda no futuro próximo.
Além da incerteza fiscal, o próprio contexto econômico brasileiro justifica a decisão, na visão da Federação, para quem o mercado de trabalho segue bastante aquecido, com o desemprego perto da mínima histórica (7,8%), enquanto o rendimento real cresceu 1,1% no primeiro trimestre em relação ao período anterior. Em 2024, já subiu 4,3%, com uma massa de renda em torno de R$ 307 bilhões, de acordo com o IBGE. São números que pressionam os preços, principalmente dos serviços intensivos em mão de obra.
Segundo a Federação, aliás, agora, a volta do ciclo de cortes está condicionada a um plano de ajuste fiscal apresentado que seja realizado via corte de despesas. Caso contrário, o Bacen continuará refém de incertezas.