Empresários criticam ajuda federal para retomada da economia gaúcha

Durante almoço Tá na Mesa, lideranças apontaram que estão abandonados no meio da catástrofe

Crédito: Divulgação

As falsas narrativas e as barreiras impostas pelo Governo Federal, dificultando o acesso aos recursos, estão impedindo a retomada da economia gaúcha após a tragédia climática de maio. Este foi o tom dos discursos durante a reunião-almoço Tá na Mesa da FEDERASUL desta quarta-feira, 19. As críticas vieram de empresários como Ângelo Fontana, da Fontana S/A, que também é presidente da CIC Vale do Taquari. “Empresas menos afetadas estão recebendo dinheiro”, lamentou acrescentando que existe muita promessa do Governo Federal e pouca ação. “O Rio Grande do Sul terá que se reinventar, estamos enfrentando a falta de recursos e a falta de apoio”, afirmou.

O presidente da FEDERASUL Rodrigo Sousa Costa, também cobrou urgência do Governo Federal na busca de solução para a Base Aérea de Canoas no sentido de ampliar o número de voos. Complementou dizendo que o Governo não está dando ao Estado respostas à altura da tragédia sofrida. “Precisamos desconstruir as narrativas positivas de que muito está sendo feito quando na verdade falta dinheiro e apoio para a reconstrução do Rio Grande do Sul”, comentou.

O evento também contou com a participação dos empresários Renato Arenhart, O diretor da Lajeadense Vidros, do CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério, e do Padre Gerson Bartelli, secretário da Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul. Eles argumentaram que os R$ 15 bilhões anunciados pelo Governo como empréstimos, são insuficientes para recuperar as perdas sofridas com as três cheias que atingiram o Estado nos últimos meses.

SEM DINHEIRO

“A iniciativa privada não consegue se reerguer sem dinheiro”, argumentaram e explicaram que as empresas precisam do alongamento dos prazos dos empréstimos já existentes, de dinheiro novo à fundo perdido e de um fundo garantidor já que as garantias que poderiam dar foram perdidas na tragédia.

O empresário Ângelo Fontana disse que a situação é bastante preocupante porque apesar das promessas, as empresas não estão recebendo nenhum apoio do Governo Federal. Relatou que depois de três cheias, sua empresa está paralisada e que mesmo com todas as dificuldades está mantendo seus quase 300 funcionários.

O diretor da Lajeadense Vidros, Renato Arenhart, lamentou que o  Governo tenha anunciado financiamentos com juros de 1%, quando na realidade, ao transferir os recursos para bancos privados, a taxa sobe para 7%, inviabilizando o acesso diante das dificuldades em assumir dívidas nessas condições após os prejuízos sofridos com as cheias.

O Padre Gerson Bartelli, secretário da Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul (que reconstruiu a ponte de ferro que liga Nova Roma do Sul à cidade de Farroupilha) destacou que “quando esperamos pela iniciativa pública, esperamos muito tempo”. Reforçou a importância da união e força e do espírito de trabalho das pessoas na luta pela superação. Disse que o Estado tem um desafio muito importante pela frente e defendeu que parte dos impostos recolhidos fique nos municípios como garantia para investimentos locais.

O CEO do Instituto Caldeira, Pedro Valério afirmou, por sua vez, que não há nada de concreto acontecendo. Lamentou que a demora do Governo em liberar recursos para o Estado coloca em risco a capacidade de reconstrução do Estado, que desta vez não depende somente da iniciativa privada.  Acredita, no entanto, no papel transformador do empreendedorismo, mas alerta que chegou o momento de levantar o tom de voz e mostrar indignação. “Estamos abandonados no meio desta catástrofe”, declarou.