O tamanho da queda do Produto Interno Bruto (PIB) de algumas cidades do Rio Grande do Sul atingidas pelas cheias, como Eldorado do Sul e Canoas, deve variar entre 36% e 20%, respectivamente. Especialmente Canoas, uma das maiores cidades do Estado, deve ter um impacto relevante no varejo de calçados. Outras cidades importantes, como São Leopoldo e São Sebastião do Caí, devem registrar quedas de 18% e 16%, respectivamente, nos seus PIBs no quinto mês do ano. A avaliação foi feita pelo doutor em Economia e consultor setorial Marcos Lélis durante encontro da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) realizado nesta quinta-feira, 13.
“Até agosto, os municípios atingidos devem registrar dificuldades importantes na sua retomada econômica”, disse. Segundo Lélis, no Estado, a queda do PIB deve ficar em torno de 4% até agosto, frustrando a expectativa de crescimento que havia em função da supersafra agrícola. “Nos últimos três anos, o Rio Grande do Sul já vinha crescendo, em geral, menos do que o Brasil. Com as enchentes, essa desigualdade irá aumentar”, acrescentou.
Levando para o cenário nacional, o economista destacou o crescimento do PIB, de 2,4% no acumulado dos quatro últimos trimestres. “O crescimento foi muito baseado na formação de capital, o que denota investimentos em maquinários e infraestrutura, o que é uma boa notícia no cenário econômico de incertezas. Para o ano, a projeção é de um crescimento no PIB superior a 2%”, projetou.
Lélis comentou, ainda, que o incremento do PIB está ancorado no consumo doméstico, já que as exportações ainda enfrentam dificuldades, especialmente diante da retomada da China e os altos índices de juros norte-americanos, que impactam fortemente no câmbio e impedem uma queda mais substancial na taxa SELIC brasileira, hoje em 10,5%.