A inflação ao consumidor deve ter acelerado em maio em relação a abril. A expectativa é de que o IPCA, índice oficial de inflação na economia brasileira e que será divulgado nesta terça-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tenha subido de 0,38% para 0,42% na base mensal, elevando de 3,69% para 3,88% na base anual. O IPCA de maio será a primeira coleta que vai computar os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul no índice de preços.
Imagem 1: Evolução do IPCA mensal (Abril 2022 a Abril 20224)
Conforme Leandro Manzoni é analista de economia do Investing.com, o maior vilão da alta de preços em maio foi o setor de transportes, após avanço da passagem aérea e, em menor medida, gasolina e etanol. Por outro lado, alimento no domicílio deve apresentar desinflação com uma alta menor em relação a abril, especialmente produtos in natura.
Conforme o analista, o resultado deve ter pouca influência na decisão de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne nos dias 18 e 19 para mais uma decisão da taxa de juros. Os efeitos da política monetária são sentidos na economia cerca de 6 a 9 meses após a decisão, por isso a preocupação do colegiado com a deterioração da expectativa de inflação para 2025 e 2026.
Nesta segunda-feira, 10, o Relatório Focus do Banco Central com as expectatias de analistas do mercado financeiro apontou a quinta alta seguida da expectativa do IPCA para 2025, chegando a 3,9%, e a sexta vez consecutiva de avanço nas projeções para 2026, a 3,78%. Apesar de a meta de inflação ser 3% e as projeções estarem dentro do limite superior de 1,5 ponto percentual acima da meta, a constante deterioração preocupa o Copom.
Imagem 2: Evolução do IPCA anual (Abril 2022 a Abril 20224)
Contribuem para essa deterioração um mercado de trabalho apertado com a massa salarial no pico histórico em meio a um PIB em expansão. A alta recente do dólar, que é cotado a R$ 5,35 nesta segunda-feira, também passa a ser ponto de preocupação na política monetária, devido aos potenciais efeitos na inflação da desvalorização do real.