As consequências da enchente histórica do Rio Grande do Sul são inúmeras, e, a despeito da baixa da água, a volta para casa é dolorosa para a população atingida. Neste contexto, o cuidado com a saúde deve ser redobrado, a fim de evitar consequências indesejadas, como doenças respiratórias causadas pelo contato com o mofo e a poeira advinda da lama contaminada. Ainda não há estudos concluídos demonstrando o que exatamente está no barro acumulado em casas e ruas, requerendo, portanto, proteção e atenção.
No caso do pó, medidas simples como o uso de máscaras, da mesma forma como foi vista durante a pandemia de Covid-19, podem atenuar o problema. “O barro tem várias coisas, como esgoto e lixo, mistura tudo o que está de ruim e isto vai secando, criando esta poeira toda. É um fator que pode potencializar alergias, por exemplo, como rinite e asma”, comenta o médico pneumologista Sergio Pinto Ribeiro, profissional do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Segundo ele, no entanto, as evidências atuais mostram que este não é necessariamente uma questão grave, mas inconveniente. “É difícil prever algum problema associado com isto, ainda não chegamos nesta fase. Mas vai chegar em seguida, e não sabemos o que estamos respirando. É algo bastante complexo”, diz ele. Por ora, o desconhecimento do conteúdo desta lama é o fator que causa mais preocupação, reforçando, portanto, a importância de cuidados simples como a manipulação e limpeza utilizando equipamentos adequados, recomendação válida para todos, mas ainda mais para quem é alérgico.
“É diferente, por exemplo, de quem vive em uma rua que não é asfaltada, em que a pessoa está acostumada com esta situação. Agora, estamos frente a um barro que vai virar poeira em seguida, e que não sabemos o que contém”, ressalta o médico. Para Ribeiro, a presença do mofo, causado por fungos, também é fator de risco nesta época, potencialmente provocando alergias. O profissional ainda alertou para possíveis sintomas que devem requerer atenção, como a presença de febre, tosse que evolui ao longo dos dias, além de secreção oral e/ou nasal.”
Havendo eles, a pessoa deve procurar algum auxílio para, justamente, fazer um diagnóstico ou um tratamento adequado quando necessário”. Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/RS) afirmou não ter uma política específica para os cuidados com a poeira advinda da enchente, mas reforçou os cuidados gerais da população no trato com a lama.