O montador Jefferson Roberto Almada e a vendedora Daniela Xavier da Costa passaram a sexta-feira e o sábado limpando a casa que tem na rua Maria Trindade, no bairro Humaitá. Foram dois dias de muito trabalho, retirando os móveis estragados para a calçada. Exaustos, os dois deixaram a limpeza da moradia para este domingo, mas quando chegaram, pela manhã, se depararam com o pior dos cenários: a água voltando a tomar conta de tudo.
“Os vizinhos ligaram e avisaram que estava começando a subir água outra vez. Foi um pânico”, recorda.
Na rua Hugo de Araújo, o mesmo drama. A familia da Jalusa Gonçalves está temporariamente vivendo em uma casa cedida na zona Sul. No início do domingo, o telefone tocou com a notícia que ela não queria receber.
“No sábado eu tinha baixado a geladeira pro térreo. Aí, vim correndo aqui. Quando cheguei, já estava entrando na porta”, lamenta.
Moradora do Humaitá há 18 anos, diz que os dias passam e a segurança de voltar a viver no bairro não a acompanha. “Nunca vi tanto sofrimento. A água sempre entra, mas 40 centímetros, quer dizer, a gente tem medo de chuva, mas não acreditava no que viu desta vez. Foi 5 metros de altura, a água entrou no segundo piso”, cita Jelusa, ainda incrédula.
A água que voltou a invadir dezenas de ruas nas imediações da Arena do Grêmio, em alguns pontos, segundo moradores e integrantes do exército que atuam no auxílio aos atingidos, alcançou aproximadamente 30 centímetros, mesmo com o funcionamento da Estação de Bombeamento de Água Pluvial número cinco (PluvEbap), que fica no bairro, e com a instalação de uma bomba de drenagem emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O nível só baixou no fim da tarde.
Moradores do bairro alegam que os sistemas de drenagem foram desligados após apresentarem defeito. Procurada pelo Correio do Povo, a direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) preferiu não dar entrevista. Por meio de nota, o departamento confirmou que houve uma falha em um dos motores da PluvEbap 5, que já foi reparada.
Confira na íntegra:
“Durante a manhã houve uma falha em um dos motores da Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) 5, porém, já foi corrigida e os 3 motores da Ebap estão funcionando e drenando a água do bairro. Essas falhas são “comuns” pois os motores não são projetados para trabalhar nessa intensidade com a qual eles estão operando nos últimos dias. O Dmae tem equipe 24hs controlando as operações das casas de bombas.”