Open Finance pode gerar R$ 42 bi em novas receitas até 2026

Pesquisa da PwC mostra que só para o setor de Pessoas Físicas seriam R$ 28 bilhões

Crédito: Freepick

Na terceira edição do “Panorama do mercado de serviços financeiros”, a Strategy&, consultoria estratégica da PwC Brasil, projeta que, até 2026, o uso do Open Finance pode render o equivalente a R$ 42 bilhões em negócios para o setor de serviços financeiros no país, considerando pessoas físicas e jurídicas. A análise leva em conta o potencial de receita incremental provido por produtos de crédito.

O Open Finance, ou sistema financeiro aberto, é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo Banco Central e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente.

Só para Pessoas Físicas, seriam R$ 28 bilhões. Nesse espectro, as principais oportunidades são, respectivamente, o crédito pessoal não consignado (R$ 6,8 bi), o crédito consignado (R$ 6,7 bi) e o crédito imobiliário (R$ 4 bi) – soma que representa R$ 17,5 bilhões.

O sistema também pode ajudar a mitigar a inadimplência bancária. Até outubro de 2023, o saldo total de crédito no Brasil era de R$ 5,6 trilhões, enquanto a inadimplência estava em R$ 191 bilhões (3,42%). Hoje, as IFs se esforçam para implementar algoritmos e rotinas de avaliação mais precisos para ponderar os riscos dos clientes, uma vez que, a cada 1% de redução da inadimplência bancária, a instituição financeira pode deixar de perder potencialmente R$ 56 bilhões.

“O Open Finance fornece diversas oportunidades para as IFs se tornarem mais eficientes”, afirma Eliseu Tudisco, sócio da Strategy&. “Alguns exemplos são análise de crédito com visibilidade holística dos clientes, identificação antecipada de riscos,  velocidade na renegociação de dívidas e identificação de dificuldades financeiras, além de oferta de crédito personalizado com limite adaptativo”, comenta.

TECNOLOGIA

Existe a necessidade de uma série de tecnologias e ferramentas para viabilizar o Open Finance – entre elas as APIs (Application Programming Interfaces), que fazem parte de um bloco fundamental para tráfego seguro de informação na plataforma, assim como a computação em nuvem. Além dessas, outras terão o papel de somar funcionalidades, como a inteligência artificial e o blockchain.

Essa característica do Open Finance oferece oportunidades às big techs, que demonstram interesse em atuar nesse mercado. A união entre dados financeiros e informações comportamentais monitoradas em suas plataformas poderá se tornar uma fonte de vantagem competitiva.

Para grandes bancos, o Open Finance pode significar competir em um mercado com menor assimetria de acesso a informações, uma vez que o acesso aos dados se torna transparente e disseminado. Assim, a corrida por ser o banco principal do cliente se transforma, enquanto novos produtos e oportunidades se apresentam ao mesmo tempo que novos competidores e modelos de negócios. Para pequenos bancos e fintechs, surgem grandes chances e desafios, pois suas estruturas enxutas permitem agir com velocidade e promover disrupções no mercado como um todo.