Enchente faz disparar notificações de leptospirose e governo muda estratégia para lidar com doença

Somente em Porto Alegre, maio registra 63% a mais de possíveis casos notificados do que todo o ano de 2023

Bairro Humaitá, na zona Norte de Porto Alegre, foi um dos locais que mais sofreu com os alagamentos | Foto: Fabiano Amaral

Dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES) da última segunda-feira mostram que o estado tem, somente em maio, cinco mortes pela doença, outras nove em investigação, e 1.588 casos notificados, dos quais 124, ou pouco mais de 7%, foram confirmados. Em sete dias, as notificações semanais subiram 126%, e em 21 dias, mais de 4.000%, de 20 na primeira semana do mês para 839 na segunda-feira. Porto Alegre lidera as notificações, com 685, nove vezes mais do que Canoas, segundo colocado, com 76. Em todo o ano passado, comenta a médica responsável pela vigilância da leptospirose na Equipe de Vigilância de Doenças Transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (EVDT/SMS), Rosa Teixeira Gomes, a Capital teve 418 notificações da doença, sendo 283 em moradores da cidade e 135 de fora do município. Ou seja, em menos de um mês em 2024, já há 63% a mais do que todo 2023.

Reforço na testagem no estado

Na segunda-feira, a SES também anunciou um reforço na testagem, hoje feito utilizando dois métodos: o teste de biologia molecular (RT-PCR) e o diagnóstico sorológico. A leptospirose é uma doença não-crônica e endêmica, e dada a situação de calamidade atual, houve alterações na forma de lidar com ela, o que também pode ter contribuído com o aumento de notificações. “Todos os profissionais de saúde não devem aguardar uma confirmação diagnóstica, e em se enquadrando na possibilidade de ser um caso de leptospirose, tratar como se fosse”, afirma a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), Tani Ranieri.