Moradores começam o caminho de volta ao bairro Humaitá, na zona Norte de Porto Alegre, após a bomba flutuante que foi instalada na localidade reduzir o alagamento. O nível da água varia entre os joelho e calcanhares, mas ainda há pontos que impedem o retorno dos moradores.
A cheia em quadras próximas à Arena do Grêmio impede o fluxo de veículos. A água, que antes da instalação da bomba atingia quase dois metros, teve redução mas ainda está na linha da cintura.
Quem mora no entorno do local, como em pontos na Vila Farrapos, conseguia retornar apenas para retirar pertences que não foram levados pela água do interior das casas. Os itens eram retirados e transportados manualmente, por vezes até veículos que aguardavam em áreas secas, diferente do que ocorria no auge da enchente, quando apenas barcos eram utilizados.
A região permanece sem luz nem água potável. Apesar disso, o aposentado Carlos Lopes, de 70 anos, e a esposa Karen, de 55, permanecem no segundo piso de um imóvel desde o início do mês.
O casal mora na Vila Farrapos há 30 anos. Apesar da enchente, eles contam que não saíram de casa por receio de furtos.
“Nunca tínhamos visto uma enchente parecida, a água inundou tudo. Ocorre que não podíamos sair do lar porque, na parte da noite, criminosos invadiam as residências e levavam tudo embora em barcos. Quando a água atingiu o nível mais alto, chegamos a fazer um pacto que morreríamos juntos, mas não abandonaríamos nossa casa”, disse o homem, enquanto retirava móveis que foram inutilizados pela água.
Na avenida A.J Renner há pontos transitáveis que se revezam com poças. O lixo se acumulava nas calçadas, após terem sido retirados por comerciantes que voltaram pela primeira vez, desde o dilúvio, aos estabelecimentos.
Um Fiat Uno branco com os escritos “SOS Humaitá” atravessava água na região. Os quatro tripulantes faziam parte de um grupo voluntário, que soma 19 pessoas.
“Distribuímos mantimentos para quem perdeu tudo. Vamos continuar o trabalho por muito tempo, porque há muitos moradores que não conseguem voltar para casa. No máximo eles buscam itens e tentam limpar as residências”, disse o mecânico Júnior Meurer, de 21 anos, que guiava o veículo.