Preços da indústria crescem 0,74% em abril, revela IBGE

Índice acumula alta de 0,99% no ano e queda de 3,08% em 12 meses

Crédito: Camila Domingues/Divulgação

Os preços da indústria nacional cresceram 0,74% em abril na comparação com o mês anterior. Esse foi o terceiro resultado positivo seguido nesse indicador. Com isso, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) acumula alta de 0,99% no ano e queda de 3,08% em 12 meses. Em abril do ano passado, a variação frente ao mês anterior foi de -0,35%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em abril deste ano, houve alta nos preços de 20 das 24 atividades investigadas pela pesquisa. Dentre elas, as variações mais intensas foram registradas por papel e celulose (3,99%), fumo (2,49%) e farmacêutica (2,10%). No lado negativo, destaque para as indústrias extrativas (-3,58%). O analista da pesquisa Felipe Câmara explica que o resultado do mês é relacionado, principalmente, ao comportamento das cadeias derivadas da soja e da cana-de-açúcar.

“A soja está em fase de colheita, mas a safra tem produzido um volume menor que a do ano passado. Além dessa menor produtividade, o volume exportado no primeiro trimestre foi expressivo, ou seja, há uma menor disponibilidade da commodity para consumo doméstico. Nesse contexto, o óleo bruto respondeu à pressão de demanda associada à competição entre cadeias derivadas. O incremento da parcela adicionada de biodiesel no blend do diesel, a partir de março, incentivou a procura pelo derivado da soja para fabricação do combustível, aumento que foi acompanhado de um movimento de compra para garantia de estoques no setor de fabricação de alimentos”, detalha.

BENS DE CONSUMO

Ele pontua que, sob a ótica das grandes categorias econômicas, esse cenário impactou o aumento dos bens de consumo (0,89%), que representaram 0,33 ponto percentual (p.p.) do índice geral e se igualaram à influência dos bens intermediários (0,33 p.p.). “A margarina teve influência importante no resultado dos bens destinados ao consumo final, enquanto o próprio óleo bruto teve seu impacto refletido na alta dos bens intermediários (0,59%)”, diz.

“Na composição do resultado de bens de consumo, o etanol também foi importante na inflação frente a março, assim como os medicamentos, cuja alta em destaque ocorreu após o reajuste anual do preço máximo autorizado pela autoridade reguladora do setor”, completa Câmara.

Em relação aos bens de consumo, houve variação de 0,83% em bens de consumo duráveis (BCD) e de 0,90% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND). Além dos já destacados, também houve alta em bens de capital (1,16%). Entre os setores de maior influência sobre o resultado geral (0,74%), destacaram-se alimentos (0,19 p.p.), indústrias extrativas (-0,19 p.p.), papel e celulose (0,12 p.p.) e refino de petróleo e biocombustíveis (0,08 p.p.).

Na comparação com março, o setor de alimentos variou 0,80%, a primeira alta após três meses seguidos no campo negativo. O resultado também foi impactado pela já citada alta dos derivados da soja, como a margarina e o óleo bruto. Com esse resultado, o setor de alimentos acumula, no ano, queda de 1,41% em abril, menor do que a registrada no mês anterior (-2,19%).

PAPEL E CELULOSE

O setor de papel e celulose (3,99%), além da maior alta entre as atividades pesquisadas na comparação com mês anterior, também registrou o maior acumulado do ano: 7,55%. De acordo com o pesquisador, a inflação disseminada desse setor industrial é relacionada ao aumento na cotação da celulose: o preço da commodity tem respondido à demanda de recomposição dos estoques da cadeia consumidora e, em abril, foi pressionado também por maiores custos associados a disrupções logísticas e de oferta no âmbito do comércio internacional.

Os preços do setor de refino de petróleo e biocombustíveis também subiram em abril (0,79%), pelo terceiro mês seguido. “O etanol foi determinante para esse aumento, a escolha das usinas em direcionar a moagem da cana para a produção de açúcar e o baixo patamar do preço relativo comparado à gasolina abriram espaço para remarcações de preço do álcool. O biodiesel, pressionado pelo custo de aquisição do óleo de soja, também contribuiu de forma relevante para a alta setorial”, analisa o pesquisador. Com esse resultado, o acumulado do ano no setor passou de -3,06%, em março, para -2,29%, em abril.

Já nas indústrias extrativas, os preços caíram 3,58% em abril, segundo mês consecutivo de queda. O principal fator que explica o comportamento dessa atividade são os preços do minério de ferro que, acompanhando o mercado internacional, ficaram no campo negativo, enquanto os dos óleos brutos de petróleo subiram.

“O resultado das indústrias extrativas é relacionado à cotação internacional do minério, em trajetória de queda recente. O preço internacional responde às expectativas de atividade econômica na China, em particular na demanda por aço nos setores de construção e infraestrutura, que são um termômetro importante para os contratos negociados. Mas não dá para perder de vista também que a expectativa de recuperação econômica no resto do mundo não é pujante, o que reforça esse contexto de precificação”, destaca Câmara.

Índice de Preços ao Produtor, variação segundo as Indústrias Extrativas e de Transformação (Indústria Geral) e Grandes Categorias Econômicas, Brasil, últimos três meses
Indústria Geral e Grandes Categorias Econômicas Variação (%)
M/M₋₁ Acumulado no Ano M/M₋₁₂
Fev/2024 Mar/2024 Abr/2024 Fev/2024 Mar/2024 Abr/2024 Fev/2024 Mar/2024 Abr/2024
Indústria Geral 0,14 0,35 0,74 -0,10 0,25 0,99 -5,08 -4,13 -3,08
Bens de Capital (BK) -0,94 0,18 1,16 -0,21 -0,03 1,12 -1,43 -2,21 -0,99
Bens Intermediários (BI) 0,07 0,52 0,59 -0,69 -0,17 0,41 -7,98 -6,40 -4,67
Bens de Consumo (BC) 0,48 0,13 0,89 0,82 0,96 1,86 -1,17 -0,91 -1,03
Bens de Consumo Duráveis (BCD) 0,34 -0,11 0,83 0,35 0,24 1,07 1,73 1,68 2,48
Bens de Consumo Semiduráveis e Não Duráveis (BCND) 0,51 0,18 0,90 0,92 1,11 2,02 -1,74 -1,42 -1,72
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coord. de Estatísticas Conjunturais em Empresas