Crédito: Freepick

A quantidade de itens de bens de consumo com valor de importação de até 50 dólares por unidade cresceu 35% em 2023 em relação a 2022. A constatação faz parte do levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), tendo a liderança das encomendas de produtos originários da China (51,8% do total), seguido pela Argentina (6,2%) e Paraguai (5,9%).

O levantamento da CNC se baseou nos microdados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), sobre compras internacionais de 10 mil tipos de bens de consumo classificados por NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul). Foram consideradas informações provenientes de 145 países com os quais o Brasil possui esse tipo de relação comercial, cujo valor médio se limitou a 50 dólares.

Entre os principais bens de consumo comercializáveis importados no ano passado, os que registraram os maiores aumentos das quantidades encomendadas foram itens do vestuário feminino como calças, bermudas e shorts (alta de 407,4%), tapetes (399,8%), lâmpadas de até 15 volts (231%), bebidas não alcoólicas (163,4%) e brinquedos motorizados (104,7%).

EMPREGOS

O Brasil está entre as 20 economias do mundo que mais tributam em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), com aproximadamente 34%. No que diz respeito à tributação sobre o consumo, a situação brasileira é ainda pior, ocupando a sétima posição no comparativo internacional. “A CNC nunca apoiaria o aumento da tributação no Brasil, tanto que foi a entidade que mais lutou e que continua lutando para que a carga tributária não aumente no País com a reforma tributária. No entanto, dar uma condição de competitividade ao empresário chinês que o empresário brasileiro não possui ameaça a capacidade de geração de emprego aqui em território nacional”, afirma o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

Nos últimos 10 anos, a importação de bens de consumo provenientes da China ao valor médio de 50 dólares cresceu 95%, contra um avanço médio de 43% nos demais países. Medidas como a isenção até 50 dólares acabam com a competitividade do empresário nacional, responsável por gerar emprego e renda no País. “A isenção até 50 dólares é uma ofensa ao empresário brasileiro, que é o responsável por gerar emprego, renda e impostos para a economia brasileira”, critica Tavares.

O setor de comércio responde por mais de 22% do estoque de empregos formais no Brasil, somando 10,2 milhões de trabalhadores. A vantagem dada à indústria e ao comércio estrangeiros ameaça diretamente o emprego de mais de 10 milhões de brasileiros. “Sem empresas nacionais, não tem trabalho. Sem trabalho, não tem renda. Sem renda, não importa se aquela blusinha custa R$ 1 ou R$ 1 milhão, não tem como o brasileiro comprar”, conclui Felipe Tavares.

PRIORIDADE

Para conscientizar a população da importância da equidade na forma de tributação, foi lançada a campanha Comércio Justo, cujas ações podem ser vistas no site https://comerciojusto.portaldocomercio.org.br/. Nesta semana, a CNC, em conjunto com as Confederações Nacionais da Indústria (CNI) e da Agricultura (CNI), bem como diversas Centrais Sindicais de Trabalhadores, emitiu uma nota em que reafirma a confiança de que o Congresso Nacional vai votar a favor da manutenção dos negócios brasileiros e das milhares de famílias cujos empregos dependem da indústria e do varejo nacionais.