Apesar de vir abaixo das expectativas, outros fatores preocupam no IPCA-15, afirmam especialistas

Em Porto Alegre, o indicador chega a uma alta de 0,86%

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) apresentou alta de 0,44% em maio, 0,23 ponto percentual acima da taxa registrada em abril (0,21%). No ano, o IPCA-15 acumula alta de 2,12% e, em 12 meses, de 3,70%, abaixo dos 3,77% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. O resultado foi divulgado nesta terça-feira, 28, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e dividiu as opiniões de analistas.

Para Volnei Eyng CEO da gestora Multiplike, é preciso ficar atento em relação ao IPCA-15, porque embora tenha vindo abaixo do esperado entre 0,28% e 0,56%, é a prévia dos 15 primeiros dias da inflação. E nesse sentido houve uma grande aceleração em relação a abril que veio 0,21%. “Já acumula no ano 2,12%, e nos últimos 12 meses 3,07% e é aqui que mora o perigo, sabendo que o objetivo do BC é manter a meta de 3% com tolerância de 1,5% pra cima e pra baixo. Então essa aceleração mostra que haverá uma dificuldade do BC de continuar as baixas da taxa selic, devido estar acima do centro da meta. O maior reflexo veio em gasolina, e gasolina deixa impactos pro IPCA final que gera aumento futuro em outros núcleos”, diz.

Já para André Colares, CEO da Smart House Investments, o resultado do indicador não dá motivo para acomodação. “Não sabemos o impacto que a catástrofe no Rio Grande do Sul terá na economia. Além disso, ainda estamos acima da meta de 3% e os Estados Unidos pode subir ainda mais os juros, o que levaria ainda mais capital para o país e desvalorização das demais moedas, inclusive o real, o que poderia impactar nos preços das importações atreladas ao dólar e, consequentemente, impactaria na inflação”, comenta.

Mais otimista, Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos lembra que os dados mostram que a inflação está controlada, mas ainda exige atenção. A variação de 0,44% em maio foi levemente abaixo das expectativas, o que pode sugerir que as pressões inflacionárias estão se suavizando um pouco. “No entanto, a aceleração em relação ao mês anterior e a influência dos grupos Saúde e cuidados pessoais e Transportes indicam que ainda há fatores de risco. Considerando a meta de inflação do Banco Central de 3%”, comenta.

A mesma linha é defendida por Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo LAATUS. Para ele, o IPCA 15 veio abaixo das expectativas tanto mensal quanto anual, o que acaba sendo bem positivo para a curva de juros, ou seja, desacelera a curva de juros e também ajuda a desacelerar o dólar. “Num cenário onde o mercado está de olho nas falas do BC e preocupado se o BC vai continuar o ciclo de cortes ou não, esse IPCA 15 mostra que por enquanto o efeito Rio Grande do Sul não está fazendo pressão na inflação ali, ou seja, é bem positivo ali, a curva de juros já abriu negativa, o dólar já abriu negativa e o índice já abriu positivo, mas uma notícia boa já no começo do dia”, avalia.