Três semanas após explosão em posto de combustíveis, testemunhas serão ouvidas pela polícia

Local ainda não foi periciado pelo IGP, e não há isolamento no prédio

Densa coluna de fumaça subiu pelo buraco aberto no teto pelas chamas | Foto: Camila Cunha

Enquanto o Brasil olhava angustiado para a água que invadia o Rio Grande do Sul, foi o fogo o elemento a levar pânico em Porto Alegre. Bombeiros e voluntários ainda organizavam as ações de salvamento, quando, na tarde do sábado, 4 de maio, uma explosão anunciou o incêndio de um posto de combustíveis na avenida Cairu, zona Norte da Capital, e que acabou marcado com um dos momentos mais dramáticos desta cheia histórica.

Até o momento da explosão, a área era uma das únicas áreas ainda secas. O local em frente ao posto era utilizado como ponto de apoio para resgates a moradores e comerciantes das partes já alagadas dos bairros São Geraldo e Navegantes. Voluntários e pessoas socorridas, portanto, presenciaram o momento em que as chamas se alastraram. Pouco depois do meio-dia, o incêndio ganhava grandes proporções.

A água que invadiu o local só recuou nesta semana, o que dificultou até então a investigação sobre a causa da explosão. O que se sabe até o momento é que não havia energia elétrica no momento do acidente, e testemunhas afirmam que um gerador de energia estava alimentando o posto. Ainda de acordo com testemunhas, o fogo começou quando um barco que precisava abastecer se aproximou de estabelecimento.

Dois homens, de 62 e 69 anos, morreram, nos dias 4 e 7 de maio, em decorrência de queimaduras. Os nomes deles não foram divulgados.

Três semanas depois, a água recuou. No local do incêndio, vários carros consumidos pelas chamas e a estrutura do prédio aparenta estar seriamente comprometida. Bombas queimadas, ferro e plástico retorcido; um enorme buraco por onde a densa coluna de fumaça escura ganhou o céu e assustou a Capital dá a dimensão da devastação.

Não há isolamento na área. E apesar dos riscos, colchões, garrafas e potes de marmitas espalhados pelo chão indicam presença humana entre os escombros. “Volta e meia aparece alguém vendo se acha algo para tirar e vender. Tem uns que dormem aí”, revela a diarista Andréa Gomes da Silva, 33 anos, que mora em um prédio vizinho.

As testemunhas são a aposta da Polícia Civil para solucionar a causa do incêndio. De acordo com o delegado Arthur Raldi, estão previstos para esta semana os depoimentos de duas pessoas que presenciaram a explosão, o que só não aconteceu antes porque a delegacia ainda estava sem energia elétrica. A perícia no prédio também segue pendente.