A projeção de crescimento para a carteira de crédito em 2024 registrou nova revisão positiva, passando de 8,8% para 9,3%. É o que revela a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). O destaque para a nova estimativa ficou com a carteira direcionada, cuja expectativa subiu de uma alta de 9,9% para 10,1% neste ano, com revisão positiva tanto na linha destinada às empresas (de +8,3% para +8,7%) como para as famílias (de +10,3% para +10,6%).
Já a expectativa de crescimento da carteira livre ficou praticamente estável, em 8,6% ante 8,5% da pesquisa de março, contando com expansões de 9,5% para a carteira Pessoa Física e 7,5% para Pessoa Jurídica. A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban é realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e mostra a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
Esta edição foi feita com entrevistas com 18 bancos entre 15 e 21 de maio. Com este olhar prospectivo, essa pesquisa se diferencia da Pesquisa Especial de Crédito, divulgada mensalmente e que procura antecipar os números do mês anterior que são divulgados na Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central.
INADIMPLÊNCIA
O levantamento também mostra que a projeção para a taxa de inadimplência da carteira Livre apresentou melhora para 2024, saindo de 4,5% para 4,4%, fato que representa uma ligeira queda ante o nível atual (4,5% em mar/24, segundo o Banco Central).
Com relação ao desempenho do crédito em 2025, a projeção para a alta da carteira total ficou estável em 8,9%. De um lado, houve revisão para cima na carteira com recursos direcionados (+9,1%, ante +8,9%), e, de outro, houve leve recuo na projeção de crescimento da carteira com recursos livres (+8,7%, ante +8,9%). Já para o próximo ano, a projeção da taxa de inadimplência ficou estável em 4,2%, indicando que a trajetória de queda da inadimplência deve seguir no ano que vem.
“A pesquisa captou uma melhora nas projeções para o crescimento do crédito em 2024, na linha dos números relativamente positivos que temos visto na economia e no mercado de crédito neste início de ano. Contudo, nota-se que esta melhora foi concentrada nas carteiras com recursos direcionados, mais sensíveis às políticas públicas. Por outro lado, o desempenho esperado para o crédito livre ficou relativamente estável, provavelmente num sinal de cautela em relação à piora recente do ambiente econômico”, afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
SELIC
Após a decisão do Copom em reduzir o ritmo de corte dos juros para 0,25 ponto percentual, os participantes da Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban se mostraram divididos quanto à taxa Selic no fim do ano. A maioria entende que ainda há algum espaço para queda adicional dos juros, embora limitado, com a Selic encerrando o ano provavelmente ainda em dois dígitos.
Diante desse cenário, perguntados sobre qual sua expectativa para a taxa Selic no final do atual ciclo, 33,3% responderam que a Selic terminal em 2024 deve ficar em 10,25% (apenas um corte); outros 33,3% indicaram que a Selic terminaria o ano em 10% (com dois cortes); 27,8% apontaram uma Selic abaixo de 10,0%, mas, para 5,6% dos respondentes, a taxa Selic neste ano ficaria no patamar atual de 10,50%, ou seja, não haveria mais queda.
Perguntados sobre qual dos motivos destacados na Ata do Copom têm sido o mais determinante para que as expectativas de inflação não estejam ancoradas, 44% responderam que seria a “percepção sobre o compromisso do Banco Central com o atingimento da meta de inflação ao longo dos anos”.
De acordo com a pesquisa, 38,9% dos entrevistados esperam que o crescimento do PIB fique em torno do consenso atual (+2,1%) e ainda com viés de alta, dado que 33,3% dos participantes esperam um crescimento acima do consenso.
No âmbito fiscal, pouco mais da metade dos participantes (55,6%) projetam um déficit primário em linha com o esperado pelo consenso (-0,64% do PIB) para 2024, enquanto 33,3% esperam um resultado pior. Apesar do cenário externo mais adverso, a maioria (66,7%) dos participantes ainda projetam que o FED fará dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juro neste ano.