A cadeia produtiva de couros e calçados do Rio Grande do Sul, que emprega diretamente mais de 120 mil pessoas em cerca de 3 mil empresas, foi impactada pelas enchentes que assolam o Estado desde o início de maio. As entidades que representam as empresas, Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), divulgaram um levantamento conjunto que aponta que mais de 7,2 mil trabalhadores dos estabelecimentos do setor foram diretamente atingidos pela catástrofe. Entre as principais dificuldades colocadas pelas empresas está em primeiro lugar a indisponibilidade com mão de obra, seguida pelos problemas logísticos em função de estradas e aeroportos afetados.
Foi com o objetivo de recuperar o ecossistema produtivo do calçado no Rio Grande do Sul que as entidades representativas da cadeia lançaram, no último dia 13, o Movimento Próximos Passos RS. O objetivo é reconstruir o setor a partir da ajuda às pessoas atingidas. Na oportunidade, foi lançado um fundo social que será inteiramente revertido para entidades beneficentes das cidades atingidas: Associação de Amigos da Oktoberfest (Amifest de Igrejinha), Campo Bom Solidário, Distrito LD2 da Associação Internacional de Lions Clubes (Roca Sales, Muçum, Encantado, Arroio do Meio, Estrela, Lajeado e Taquari), Lions Clube de Rolante, Lions Clube de Parobé, Lions Clube de Três Coroas e Rotary Clube Oeste de Novo Hamburgo.
RESILÊNCIA
Ainda conforme o levantamento, 48% das empresas do setor foram atingidas pelas enchentes, sendo que a maior parte delas deverá ter a produção normalizada ainda em maio. “Tivemos um impacto importante, mas mais uma vez a resiliência da cadeia produtiva do calçado nos surpreendeu positivamente. Mais de 90% das empresas atingidas devem estar com produção normalizada até o final do mês, graças a ajuda de seus próprios colaboradores”, comenta o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Para o setor de componentes para couros e calçados sediado no Rio Grande do Sul, a situação é semelhante. “Algumas empresas reportaram problemas, principalmente quanto ao abastecimento de insumos e em função dos seus trabalhadores que foram afetados direta ou indiretamente. Assim que as águas baixarem, as coisas tendem a normalizar o mais breve possível. Não existe qualquer incapacidade de abastecimento, pelo contrário, as fábricas gaúchas atingidas, mais do que nunca, precisam realizar negócios”, destaca a superintendente da Assintecal, Silvana Dilly.
Para o presidente executivo do CICB, José Fernando Bello, a indústria de couros tem vivenciado nas últimas semanas o mesmo fenômeno que ganhou espaço no Brasil frente à tragédia: a força da solidariedade. “Nosso setor está empenhado em apoiar as famílias de trabalhadores de curtumes que perderam suas casas e pertences com as cheias no Rio Grande do Sul. O setor de couros se engajou com Movimento Próximos Passos RS e está contribuindo para restabelecer condições de vida para milhares de pessoas atingidas.”, destaca Bello.