O governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou, na manhã desta sexta-feira, 17, a constituição de uma Secretaria da Reconstrução Gaúcha. A estrutura é estabelecida dois dias após o governo federal criar o Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, comandado pelo gaúcho Paulo Pimenta (PT). No caso estadual, ao invés de uma nova estrutura, o governo transformará a atual Secretaria de Parcerias e Concessões, e manterá no comando o secretário Pedro Capeluppi.
A nova secretaria será o ponto de suporte a cada uma das frentes de atuação do governo e terá quatro subsecretarias: de Projetos para Reconstrução, de Projetos Estruturantes, de Inteligência Mercadológica e de Parcerias e Concessões.
Ao anunciar a nova pasta, Leite justificou sua opção pela remodelação de uma secretaria já existente. “Pela experiência de gestão acumulada, tomei a decisão de, ao invés de constituir uma unidade específica, à parte, que pudesse se configurar, eventualmente, em uma unidade paralela, como que um governo paralelo, o que não faria sentido, ou trazer alguém de fora para fazer esta gestão, entendi que deveríamos reconfigurar a estrutura de governo, por dentro, para atender melhor a este propósito.”
Parte da audiência que acompanhou a apresentação identificou, na fala do governador, crítica velada à nomeação de Pimenta, que já havia sido, desde a quarta-feira, torpedeada por lideranças do PSDB de fora do Estado. A disputa política entre o executivo federal e o estadual para mostrar quem toma medidas mais efetivas e está à frente das ações de enfrentamento à tragédia climática que assola o RS vem permeando o relacionamento das duas esferas de governo desde o início da catástrofe, mas é negada publicamente por ambas.
Na coletiva que sucedeu a apresentação desta sexta, Leite negou a existência de conflitos. “Não contem comigo para disputa política, de vaidades e de egos. O presidente da República tem autonomia para definir a estrutura que julgar pertinente.” Ele aproveitou para, ao responder aos jornalistas, repetir o slogan lançado pela administração estadual, também nesta manhã, para as ações do plano de reconstrução: a frase “Todos nós por todos nós.” No material de divulgação, o slogan vem logo abaixo do nome dado pelo governo para o conjunto de medidas, o Plano Rio Grande, e é acompanhado de um símbolo com duas mãos dadas.
Imediatamente após a apresentação, o governador participou de uma reunião coordenada por Pimenta com prefeitos da região Metropolitana de Porto Alegre. A reunião é fechada, mas a assessoria do ministro divulgou nas redes sociais sua manifestação na abertura do encontro. Nela, Pimenta também fez referência a relação entre o governo federal e o estadual.
Dirigindo-se ao governador, o ministro disse considerar a relação entre ambos “a de mais alto nível, de respeito, de parceria e de lealdade.” Na sequência, emendou: “O senhor pode saber que, de minha parte, haverá total disposição de colaboração entre nossos governos, bem como com os prefeitos. Tenho claras minha missão e minha tarefa aqui como representante do presidente Lula, que está a sua disposição, para o que o senhor precisar.”
Pimenta é um dos nomes mais fortes do PT para a disputa ao governo do RS em 2026. Leite segue determinado a concorrer à presidência da República.