Faturamento do e-commerce no RS tem queda de 46% após tragédia das chuvas

Na capital, retração alcançou 58,9% e no interior do estado o declínio foi de até 43,4%

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Desde o início das chuvas no estado do Rio Grande do Sul, os dados do e-commerce apresentam quedas significativas, segundo levantamento da Neotrust Confi, empresa do ecossistema da Confi, especializada em inteligência de dados. Os números revelam um cenário desafiador para o comércio online, o que deve exigir adaptações e estratégias por parte dos varejistas eletrônicos para enfrentar esse período.

O Rio Grande do Sul, nos quatro primeiros meses do ano de 2024, representou 4,9% de participação no faturamento do e-commerce brasileiro. Neste período, as vendas no estado apresentaram 3,8% de queda em comparação com o mesmo período de 2023, enquanto o total Brasil, menos negativamente, indicava 0,1% de queda.

RETRAÇÃO

A partir do maior impacto das chuvas, a representatividade do estado caiu para 2,9%, e sua queda de faturamento também impactou a variação do Brasil: o crescimento de 9,2% no período seria de 11,8% num cenário hipotético em que o estado não fosse considerado no cálculo. O estudo indica que a retração do mercado começou em 3 de maio, com uma queda de 16,2% em relação à semana anterior. No dia 4, o declínio aumentou para 26,7% e, em 5 de maio, a queda atingiu 46,7%.

As quedas são mais acentuadas na região metropolitana de Porto Alegre. No dia 07 de maio, a redução foi de 52,7% em comparação com o mesmo dia da semana anterior, enquanto no interior do estado, a queda foi de 27,3%. O cenário de calamidade indica alguns pontos de atenção, uma vez que impactos econômicos refletem diretamente nos resultados das vendas online.

Segundo Léo Bicalho, especialista da Neotrust, a perda de bens duráveis pela população, que possuem grande relevância para as vendas no e-commerce, indica a possibilidade de represamento de demanda enquanto o estado se mantiver em estado de urgência.

“Categorias como Móveis, Eletrodomésticos, Eletrônicos e Eletroportáteis, com cerca de 30% de representatividade nas vendas online, tendem a sofrer alta procura nos próximos meses, o que causará reflexos nos preços e impactando, possivelmente, os preços em todo o país. A questão logística também será afetada. Com a infraestrutura das estradas muito danificada, principalmente no interior do estado, ainda faltam informações para estimar em quanto tempo será possível a retomada de entrega de pedidos a localidades de importante concentração populacional” explica Bicalho.

Todas as categorias do e-commerce sofreram impactos. A categoria Moda foi a mais atingida, com queda de 64,6% no faturamento, seguida por Beleza e Perfumaria, com 63%, e Eletrônicos, com 59%. Em contrapartida, Pet Shop teve a menor queda, de 10,7%, e Saúde, de 14,6%.