Analistas já prevêem o impacto econômicos do desastre no RS

IIPC-S deverá ter uma alta de 0,40% em maio

Crédito: Freepik

A catástrofe que atinge o Rio Grande do Sul terá efeitos econômicos para todo o país. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) estima que as perspectivas são de perdas, com efeitos, inclusive, sobre os consumidores, em decorrência de uma eventual pressão nos custos, especialmente dos alimentos. Nenhum setor deixará de ser afetado — no Comércio, nos Serviços, na Industria e no Agronegócio.

O arroz e os derivados do leite são alguns exemplos de itens que devem ficar mais caros por conta da catástrofe, no entendimento da entidade. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do País, e, embora pouco mais de 80% da safra tenha sido colhida, ainda não dá para saber se os estoques foram atingidos ou quanto da parcela restante foi perdida. Há incertezas ainda sobre a logística do produto pelas restrições das rodovias.

O mesmo acontece com a criação de gado para produção de leite, que deve ser impactada com a perda de vacas e pasto, além da ingestão, por esses animais, de água sem qualidade, em razão das condições atuais do local. Para o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz, os efeitos das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul podem levar o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) a alta de 0,40% em maio.

Para ele, as chuvas estão gerando muita incerteza sobre a Alimentação no índice, dado o protagonismo de Porto Alegre na inflação de alimentos. “Essas incertezas podem fazer com que a projeção seja revista, podendo repetir algo parecido com abril”, salienta. Braz destaca que os efeitos das chuvas no Estado devem ficar mais visíveis em Alimentação nas próximas leituras do mês.

Sem os impactos do desastre o IPC-S deveria desacelerar a 0,25%, após alta de 0,42% em abril, frisa o economista.A paralisação da indústria local, seja para o atendimento às famílias, seja por outros fatores, pode levar à falta de suprimentos de inúmeras outras indústrias que utilizam o aço, por exemplo, como matéria-prima.

Para o Turismo, haverá, conforme a FecomercioSP, grande efeito: o Aeroporto Internacional Salgado Filho ficará fechado até o fim deste mês, com cancelamentos de voos, até que as operações sejam restabelecidas. O aeroporto é responsável por 3% da movimentação de passageiros pelo Brasil — no mês de maio do ano passado, circularam por ele 540 mil pessoas.

Para se ter uma ideia da dimensão desse evento, a tragédia de Brumadinho, menor e mais localizada, provocou uma queda de 0,2% no Produto Interno do Brasileiro (PIB) em 2019 — mais de R$ 20 bilhões em valores atuais. No Rio Grande do Sul, é muito provável, infelizmente, que os danos causados tenham impacto ainda maior para o PIB nacional. Isso, sem falar, é claro, dos efeitos significativos para a economia e para a população locais.

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