O estado de calamidade pública que atingiu o Rio Grande do Sul, além das irrecuperáveis perdas humanas, trouxe também impacto econômico. Com mais de 67% dos municípios do Estado afetados, a indústria gaúcha ainda calcula os prejuízos em sua produção, bem como as consequências para as exportações. Um estudo preliminar realizado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) aponta que os 336 municípios atingidos pelas chuvas, conforme o Decreto estadual nº 57.603, de 5 de maio, correspondem a mais de 80% da atividade econômica do Estado.
“As perdas econômicas são inestimáveis no momento. Uma infinidade de empresas teve suas dependências completamente comprometidas. Além dos danos gigantescos de capital, os problemas logísticos devem afetar de forma significativa todas as cadeias econômicas do Estado”, afirma o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Arildo Bennech Oliveira.
Segundo o levantamento da UEE, os municípios afetados representam 80,3% do Valor Adicionado Bruto (VAB), 78,2% do VAB industrial, 86,4% dos estabelecimentos industriais, 87,2% dos empregos do setor, 89,1% das exportações da Indústria de Transformação e 83,3% da arrecadação de ICMS com atividades industriais. Arildo Oliveira chama atenção para os graves problemas de infraestrutura a serem enfrentados, destacando que, em boa parte dos casos, não será apenas necessário realizar o trabalho de desobstrução, mas de reconstrução de estradas, pontes, vias férreas e até mesmo o principal aeroporto do Estado está com suas instalações comprometidas. Ele prevê que, como consequência inevitável ao caos instalado, muitos postos de trabalho deverão ser fechados se medidas excepcionais não forem implementadas pelos governantes.
Os locais mais atingidos incluem alguns dos principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia. Na Região da Serra, que emprega 115 mil pessoas na indústria, destaca-se a produção nos segmentos metalmecânico (veículos, máquinas, produtos de metal) e móveis. Já na Região Metropolitana, com 127 mil empregados no setor, estão os segmentos metalmecânico (veículos, autopeças, máquinas), derivados do petróleo e alimentos. No Vale dos Sinos, que ocupa 160 mil industriários, encontra-se a produção de calçados. No Vale do Rio Pardo, a força está em alimentos (carnes, massas) e tabaco, enquanto no Vale do Taquari, alimentos (carnes), calçados e químicos.
Em função dessas dificuldades, a FIERGS, em audiência esta semana por vídeo com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, solicitou a adoção de medidas emergenciais de apoio a indústrias e trabalhadores atingidos. Entre outras sugestões, a entidade pede redução da jornada de trabalho e salário, suspensão temporária do contrato de trabalho, antecipação de férias individuais, concessão de férias coletivas e suspensão da exigibilidade dos recolhimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).