O setor de bares e restaurantes do Rio Grande do Sul enfrenta uma crise sem precedentes em função dos recentes alagamentos que afetaram o estado. Uma pesquisa realizada com associados da Abrasel revela uma situação alarmante: 33% dos restaurantes estão completamente isolados, impedindo a chegada de clientes e de insumos.
A infraestrutura básica também foi comprometida, com 56% dos estabelecimentos sem energia elétrica e 76% sem acesso à água potável. A quase totalidade, 97%, demonstrou ter algum nível de problema no recebimento de insumos. Segundo a pesquisa, 12% dos estabelecimentos já sofreram perda total e 27% foram parcialmente afetados pela enchente.
A situação é tão grave que quase metade dos proprietários (45%) preveem que não terão condições de abrir para o Dia das Mães, uma das datas de maior movimento para o setor. Outros 33% dizem que ainda não têm como saber se terão condições de abrir ou não. Para se ter uma ideia da mudança na situação, em pesquisa realizada no fim de abril, 75% afirmaram que iriam abrir na data.
“É um cenário desolador, ainda mais se considerarmos que há restaurantes no estado que nem acesso à internet têm neste momento para responder à pesquisa. Mas o levantamento já aponta para o imenso dano que estamos sofrendo. Mesmo os que não foram afetados diretamente não terão como abrir as portas em pouco tempo, pela falta de insumos. E aqueles que estão abertos se dividem entre atender a população e ajudar as equipes de resgate, numa cadeia de solidariedade nunca vista”, afirma João Melo, presidente da Abrasel no Rio Grande do Sul.
MEDIDAS DE APOIO
Diante deste cenário devastador, a urgência de medidas de apoio se faz sentir mais do que nunca. Os dados coletados apontam uma necessidade crítica de assistência financeira, com 78,57% dos empresários já prevendo que terão de solicitar empréstimos para sobreviver às perdas. A suspensão de impostos, requisitada por 88,37% dos entrevistados, e linhas de crédito com condições especiais, pedidas por 69,77%, já são vistas como medidas essenciais para a sobrevivência desses negócios.
Além disso, 66,28% dos proprietários acreditam que medidas de apoio governamental, semelhantes às implementadas durante a pandemia pela MP 936 (que permitiu colocar funcionários em suspensão de contrato e redução de jornada, com apoio do governo para pagamentos dos salários), são cruciais para a sustentação dos empregos no setor durante esta crise.
“Já estamos diante de uma crise tão grande ou até maior do que a da pandemia, sob o ponto de vista estritamente econômico, no estado do Rio Grande do Sul. São perdas incalculáveis, assim como não podemos prever todos os efeitos – só sabemos que serão duradouros”. A situação exige medidas urgentes: “a pesquisa aponta que 83% das empresas não têm seguro contra enchentes. Sem uma ação imediata e eficaz, muitos dos nossos estabelecimentos não sobreviverão, aprofundando a crise humanitária e econômica no estado”, completa Solmucci.