Começa nesta terça-feira, 7, a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que poderá definir por uma nova redução da taxa básica de juros (Taxa Selic). A expectativa é que, ao final do dia de quarta-feira, 8, o comunicado traga uma redução que varie entre 0,25 e 0,50 ponto percentual. Entretanto, há uma divisão em relação aos próximos passos da política monetária: uma parcela prevê que o Copom continue a cortar a taxa de juros em meio ponto percentual, enquanto outra estima uma redução do ritmo de corte para 0,25 ponto percentual.
Conforme analistas da plataforma investing.com, os argumentos para a manutenção do ritmo atual de corte da taxa Selic são a continuação do forward guidance do comunicado da última reunião, que se previa mais um corte de 50 pontos-base. Além disso, a melhora da inflação brasileira medida pelo IPCA, com desaceleração da inflação de serviços e núcleos comportados é outro favor, assim como números fiscais melhores do que o esperado no primeiro trimestre.
INDICADOR MENOR
Já para no lado oposto, os defensores de redução da magnitude apontam a mudança na projeção de corte de juros do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), devido à alta da inflação no início do ano em meio a um mercado de trabalho apertado, junto com a revisão da meta fiscal para 2024 e 2025 pior do que o esperado pelo mercado. Some-se a isso, a deterioração da expectativa da inflação para o ano que vem e a revisão para cima das projeções de crescimento do PIB brasileiro com um mercado de trabalho forte
“O Copom sempre reforçou que seu cenário-base exige cautela e, na última ata, reivindicou flexibilidade na condução da política monetária. Embora essa reivindicação estivesse atrelada ao comportamento da inflação interna nos dois primeiros meses do ano, que não se confirmou em março e nos dados preliminares de abril, ela serve como guia para apontar mudanças devido à maior incerteza do cenário externo, que também sempre foi fonte de preocupação do Bacen”, comenta Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com
Por isso, segundo ele, Campos Neto deu declarações flertando com a não-continuidade do corte da Selic acertado para maio. E o trecho “em se confirmando o cenário” na parte final do último comunicado, permite ao Copom reduzir o corte para 25 pontos-base nesta reunião, levando a taxa básica de juros de 10,75% para 10,50%.
A sinalização de que números melhores do que o esperado nos últimos dados de inflação não é algo que vá mudar a trajetória da política monetária, cujo horizonte para a sua condução é em 2025. E houve deterioração da expectativa do IPCA do ano que vem no Boletim Focus, saindo de 3,53% há 4 semanas para 3,64% no relatório de projeções divulgado hoje, se distanciando da meta de 3%.
“Restam dúvidas, agora, em relação ao conteúdo do comunicado e da ata do Copom. A decisão não deve ser unânime, e o mercado vai olhá-los com lupa para buscar qual será a taxa terminal do atual ciclo de cortes, cujas estimativas dos principais bancos e corretoras já estão na faixa entre 9,75% e 10,25%, com maior possibilidade de ser no limite superior”, comenta.