Dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontam que o turismo, na alta temporada 2023/2024, entre os meses de novembro e dezembro, janeiro e fevereiro, teve o maior volume de receitas em uma década, chegando ao total de R$ 162,2 bilhões. Antes disso, apenas na temporada de 2013/2014, o volume havia sido superior, alcançando R$ 165,2 bilhões.
Entram nesse cálculo gastos com hospedagem, bares e restaurantes, serviços culturais, passagens aéreas e locação de veículos, transportes intermunicipal e interestadual, agências de viagens, entre outros. Em relação à alta temporada 2022/2023, houve aumento de 1,4%. No que diz respeito às receitas dos turistas estrangeiros, o volume é recorde na série histórica: foram US$ 2,1 bilhões, uma alta de 31% no comparativo com a alta temporada anterior. O valor mais alto da série histórica era de US$ 1,89 bilhão em 2016/2017.
“Isso mostra o potencial que o turismo no Brasil tem para se consolidar como um importante pilar da economia nacional”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ele lembra que um estudo realizado pela Confederação mostra que, para cada 1% de aumento no Valor Adicionado pelo setor de turismo, o Brasil ganha 0,9% no PIB, o que representa R$ 3,9 bilhões. “Isso nos revela que, se o setor for compreendido como motor de desenvolvimento socioeconômico e receber mais atenção de políticas públicas para resolver problemas históricos como a malha aérea da Região Norte do País, teremos muito mais competitividade como potência turística mundial”, avalia Tadros.
Nesse sentido, mostra-se importante a aprovação pelo Senado do projeto de lei que estabelece um teto de R$ 15 bilhões para os incentivos fiscais do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), criado para socorrer o setor durante a pandemia de covid-19. O PL 1.026/2024 foi aprovado na terça-feira, 30 de abril, com mudanças de redação, e seguirá para a sanção presidencial. “A manutenção do Perse garante a injeção de até R$ 244 bilhões na economia nacional por ano e, nesse sentido, a luta pela permanência do programa, fundamental ao turismo, tornou-se vitoriosa por conta da importância do setor na economia e na vida das pessoas, gerando emprego, renda e desenvolvimento para todo o País”, conclui José Roberto Tadros.
PANORAMA
Em fevereiro, o volume de receitas foi de R$ 36,01 bilhões, o melhor fevereiro desde 2016 (quando o valor chegou a R$ 36,81 bilhões). O aumento, em relação ao mesmo mês do ano anterior, foi de 0,3%. Conforme o economista da Confederação responsável pelo estudo, Fabio Bentes, a previsão é que o turismo apresente crescimento na ordem de 2%, em 2024.
O índice de inflação do turismo apontou aumento médio de 10,8% em 12 meses, com destaque para o preço das passagens aéreas, que subiu 23,6%, e das passagens rodoviárias intermunicipais, com alta de 10,2%, e das hospedagens, que aumentou 9,4%. “Apesar de o ritmo dos preços desses serviços ainda estar girando acima da inflação oficial, a inflação do turismo hoje é metade do que era no início do ano passado”, analisa Bentes.
Outro dado importante foi a alta de 5,2% no número de contratações efetivas em fevereiro deste ano, o que representou a geração de cerca de 24 mil postos de trabalho. O maior empregador é o ramo de bares e restaurantes, com saldo de contratações de 15,5 mil pessoas em fevereiro deste ano (aumento de 6% em relação a 2023). O setor emprega formalmente, em todo o País, um total de 3,38 milhões de trabalhadores. A expectativa da CNC é que, em 2024, o turismo gere mais de 154 mil novas vagas no País.