Deflação de alimentos afeta indicador industrial

Queda de 0,38% é o terceiro resultado negativo consecutivo

Crédito: Freepik

O setor de alimentos, que aparece entre as principais influências no resultado geral da indústria brasileira, apresentou uma queda de 0,38%, terceiro resultado negativo consecutivo. Com isso, no acumulado no ano a variação foi de -2,21% (em março de 2023 havia sido -0,61%). Já no acumulado em 12 meses, como vem ocorrendo desde abril de 2023 (-0,80%), a variação permaneceu no campo negativo, -4,36%. As informações foram divulgadas nesta terça-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.

O setor de alimentos teve quedas em todos os meses de 2024. A queda de -038% nem é tão significativa em termos de variação, mas é em termos de influência devido ao peso do setor, estando entre as maiores influências e a única que puxou o resultado para baixo. Tanto no mês, quanto nos acumulados em 2024 e nos últimos 12 meses percebemos menores preços em qualquer comparação. Pelo lado do produtor industrial de alimentos no Brasil, podemos falar em deflação de produtos alimentícios”, ressalta Murilo Alvim, analista do Índice de Preços ao Proutor (IPP). 

MINÉRIO DE FERRO

A atividade de indústrias extrativas também mostrou variação expressiva negativa, -1,04%, após três meses consecutivos com variação média positiva de preços. Com isso, o acumulado no ano recuou de 6,52%, em fevereiro, para 5,41%, em março. Já na comparação março de 2024 contra março de 2023, o resultado, positivo como tem sido desde dezembro de 2023 no indicador acumulado em 12 meses, foi de 1,19%, o menor dos quatro. 

Apesar de o setor de petróleo ter sido importante para explicar as altas das atividades de química e de refino, o setor extrativo teve queda de 1,04% porque o produto de maior peso, o minério de ferro, teve queda. Em janeiro, o setor extrativo teve alta de 4,64% e em fevereiro de 1,79%. A queda de março não anula os ganhos de 2024, e ainda deixa o setor extrativo como a principal variação, positiva, no acumulado do ano”, diz Alvim. 

O setor de papel e celulose, com alta de 1,92%, foi impactado pela alta nos preços internacionais e por interrupções na cadeia de suprimentos e paralisação em alguns portos, o que acaba retraindo a oferta mundial da celulose. “O Brasil é impactado ainda pela alta do dólar, que subiu 0,3% no mês e já acumula um avanço de 1,7% no ano”, completa o analista da pesquisa.

Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de fevereiro para março de 2024 repercutiu da seguinte forma: 0,18% de variação em bens de capital; 0,53% em bens intermediários; e 0,12% em bens de consumo, sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis foi de -0,09%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de 0,16%.