A tendência do IPCA-15, prévia da inflação oficial do Brasil, de abril é de continuação da desaceleração, com o mercado projetando crescimento de 0,29% na base mensal, contra uma alta de 0,36% em março. Na base anual, a projeção é de um avanço de 3,86% ante alta de 4,14% no mês anterior. O IPCA-15 é um indicador que mede a variação dos preços de um conjunto de bens e serviços representativos da economia brasileira. O resultado oficial será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 26.
“Poderia ser uma grande notícia para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, mas não é bem assim. A autoridade monetária e os investidores vão avaliar os números da inflação de serviço, que está altamente correlacionada com o nível de atividade econômica e dinâmica do mercado de trabalho”, diz Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com.
Embora as projeções de algumas casas de análise também sejam de desaceleração neste subitem, a tendência é de alta, e não faltam variáveis que apontam isso. É constante a reavaliação das projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano da economia brasileira para cima, o mercado de trabalho continua aquecido com queda na taxa de desemprego e aumento na massa salarial, além dos efeitos dos programas de transferência de renda para a população de baixa renda.
Isso afeta as expectativas dos economistas para a inflação em 2024. De acordo com o último Boletim Focus, divulgado na terça-feira, 24, o IPCA deste ano deve fechar a 3,73%, primeira alta na estimativa, enquanto para 2025 a expectativa subiu pela terceira vez consecutiva, para 3,60%. “Vale ressaltar que o horizonte da política monetária está no quadro inflacionário de 12 a 18 meses à frente, ou seja, a busca do Copom é para os números que virão somente no ano que vem”, diz Manzoni.
Como o objetivo da política monetária do Banco Central é colocar a inflação no centro da meta – em 3% para 2024, 2025 e 2026 -, esse é o quadro que pode justificar eventual fim dos cortes da taxa de Selic de meio ponto percentual para 0,25 ponto percentual na reunião de maio ou de junho, com sinalização para a taxa terminal do atual ciclo de flexibilização monetária.
“É um cenário que tem como pano de fundo os riscos vindos do exterior com o adiamento do início do corte de juros nos EUA em meio a uma inflação que acelerou neste início do ano e acima do consenso do mercado, o que desvalorizou recentemente o real para acima de R$ 5 por dólar e adicionou mais um risco à inflação. Dessa forma, a recalibração da projeção da inflação no Brasil vai auxiliar o Copom a justificar menores cortes e taxa terminal da Selic acima do projetado inicialmente para que o diferencial entre os juros do Brasil e dos EUA não seja, a priori, desfavorável ao real e não contamine as expectativas de inflação no médio prazo”.