A publicação do balanço da Tesla não trouxe nenhuma surpresa. O mercado já sabe que as coisas não estão bem. A empresa registrou lucro líquido de US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre de 2024, uma queda de 55% comparado ao mesmo período do ano passado. O número ficou aquém do esperado por analistas da FactSet, que esperavam lucro por volta de US$ 1,7 bilhão. O lucro por ação ajustado, porém, foi de US$ 0,45, abaixo da previsão de US$ 0,49, tendo caído 42% em comparação ao mesmo período de 2023
Conforme Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital, existe uma expectativa de que os resultados da empresa devem piorar mais, porque tudo indica que a concorrência só vai aumentar, o que vai pressionar as margens da Tesla. “Alguns institutos de pesquisas classificam outras montadoras como não sendo concorrentes diretas da Tesla. Mas eles roubam vendas da empresa. Vou dar um exemplo: todos os modelos elétricos da Mercedes-Benz são muito luxuosos. Então, teoricamente não concorrem diretamente com a Tesla. Mas vem roubando vendas”, diz.
DESVALORIZAÇÃO
O que mais assusta ao consumidor é a desvalorização do carro elétrico, que pode ser muito maior do que o carro a combustão. “Só compra um Tesla hoje quem quer casar com o carro. Se tiver que vender dois ou três anos depois, vai perder muito dinheiro, ou seja, não compensa”, comenta Corano.
Para ele, o mercado acionário, especialmente das Big Techs, está hiper inflacionado – não segue nenhum perímetro racional de avaliação. A Tesla surfou essa onda que não é diferente da Microsoft, Apple, Google ou Amazon. Pelo menos essas outras empresas seguem uma forte geração de caixa. “A Tesla é mais sensível pelo ramo em que está inserida, mas ela estava com um valor completamente irracional”.
Para o analista Thomas Monteiro, da plataforma Investing.com, o documento é um balanço agridoce para os entusiastas da Tesla, já que, por um lado, a gigante dos veículos elétricos (VEs) não atingiu as projeções dos analistas de mercado por uma margem maior do que inicialmente esperado, tanto na receita quanto na frente das margens. Por outro lado, Elon Musk finalmente apresentou aos investidores um plano viável para reverter a situação nos mercados-chave onde a empresa pode potencialmente mostrar o maior crescimento. “Em meio à atual guerra de preços, particularmente na China – e com as perspectivas de a empresa se aventurar no mercado indiano – a palavra “acessível” ressoou como música para os ouvidos dos acionistas”, comenta.