MPRS denuncia ex-prefeitos por fraude em compra de máquinas agrícolas em 51 municípios gaúchos

Crimes teriam ocorrido entre 2010 e 2015

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) ofereceu à Justiça, desde março, denúncias contra 35 ex-prefeitos por fraudes em licitações praticadas em 51 municípios gaúchos. Os crimes teriam ocorrido entre 2010 e 2015. De acordo com o órgão, o esquema envolvia uma empresa, com sede em Santa Catarina, que oferecia propina a agentes públicos e políticos dos dois estados para a compra de máquinas agrícolas.

O promotor Manoel Antunes destaca que há mais casos sendo apurados e novas denúncias devem ser feitas nos próximos dias pelo MPRS. Entre os denunciados até o momento estão, além dos 35 ex-prefeitos, três ex-vice-prefeitos e quatro ex-secretários de municípios gaúchos, bem como proprietários, sócios e funcionários da empresa. A denúncia aponta os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa e fraude em licitação.

Os fatos ilícitos descritos na denúncia são referentes a investigações da Operação Patrola, deflagrada pelo Ministério Público de Santa Catarina em 2016. Na ocasião, também foi apontado que havia o envolvimento de ex-prefeitos, demais agentes públicos e servidores públicos de diversos municípios do RS. A operação teve como alvo um esquema de fraudes em processos licitatórios para aquisição de máquinas pesadas, peças e prestação de serviços de manutenção junto à empresa que tem atuação nos dois estados.

Ainda segundo o MP o esquema tinha início nas visitas que vendedores faziam a prefeituras. Eles levavam um catálogo, diz a acusação, oportunidade em que negociavam o pagamento de vantagens indevidas para a aquisição dos equipamentos.

Depois, o vendedor se reportava a um gerente de vendas em busca de autorização para a conclusão do negócio. Os editais licitatórios lançados pelos municípios eram, então, direcionados à empresa, sempre com a especificação técnica dos equipamentos que constavam no catálogo que havia sido fornecido pelos vendedores nas visitas às prefeituras. Após, ocorria o pagamento da propina ao agente público, valor que figurava nos documentos contábeis da empresa, na forma de um código, como “Frete 3”.

Parte dos denunciados firmaram acordo de colaboração premiada com o MPRS e com o Ministério Público de SC em relação ao município gaúcho de Alpestre. Os donos da empresa investigada forneceram a identificação dos gerentes e vendedores que intermediaram cada negociação de propina, valores, datas e locais dos respectivos pagamentos, bem como a identificação dos agentes públicos envolvidos.

Os proprietários da empresa, mediante acordo judicial, se comprometeram a pagar pelos danos causados aos municípios gaúchos e catarinenses um valor superior a R$ 5 milhões em 90 parcelas.

O MPRS aponta que os municípios onde ocorreram as fraudes mencionadas nas denúncias são: Antonio Prado, Arroio do Meio, Augusto Pestana, Barão de Cotegipe, Barra do Rio Azul, Benjamin Constant do Sul, Boa Vista do Cadeado, Cacique Doble, Caiçara, Cândido Godói, Capão Bonito do Sul, Catuípe, Encantado, Erechim, Esmeralda, Estação, Farroupilha, Garruchos , Gaurama, Getúlio Vargas, Harmonia, Ijuí, Ipê, Ipiranga do Sul, Itatiba do Sul, Jaboticaba, Lagoa Vermelha, Lavras do Sul, Machadinho, Mariano Moro, Nova Boa Vista, Nova Ramada, Paim Filho, Paulo Bento, Pejuçara, Porto Mauá, Porto Vera Cruz, Putinga, Rio dos índios, Rio Pardo, Santa Maria, São Pedro do Sul, São Valentim, Sete de Setembro, Sinimbu, Três Arroios, Tupanci do Sul, Viadutos, Vila Flores e Vista Alegre do Prata.