Com mais de três milhões de casos de Dengue e mais 1.600 mortes no Brasil em 2024, o pico de dengue deve acontecer nos próximos dias. De acordo com a bióloga e especialista em saúde do Programa de Arbovirores do Centro de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual da Saúde, Valeska Lizzi Lagranha, historicamente, o período epidêmico no Rio Grande do Sul ocorre todos os anos no mês de abril. Ela acredita que o cenário deve se repetir, mas reforça que a confirmação só vai ser feita dentro de algumas semanas, após a digitação de todas as notificações.
Este ano, o primeiro município gaúcho a passar por um surto de dengue foi Barra do Guarita, com incidência de 13 mil 478 casos para cada 100 mil habitantes. Atualmente, a maior incidência é registrada em Tenente Portela, com 27 mil 906 casos para cada 100 mil habitantes. Ambas as cidades ficam no Noroeste gaúcho. No Estado, já são mais de 70 mil casos confirmados, com 87 mortes em decorrência da doença.
Entre as estratégias ao alcance da população para evitar a proliferação do mosquito transmissor, Valeska aponta a eliminação de focos de água parada, limpa ou suja, e a utilização de repelente. Em caso de sintomas, entre eles, dor abdominal e vômitos persistentes, ela reforça a importância da hidratação. Segundo a especialista, em casos graves, o paciente precisa ingerir cerca de 60 ml de água por quilo corporal, o que se torna muito difícil em alguns quadros, e soma força na evolução para o óbito.
Sobre o cronograma da vacina no país, ela explica que a prioridade são crianças e adolescente entre dez e 14 anos, medida adotada pelo Governo Federal, já que este é o público-alvo com o maior número de hospitalização por Dengue, com mais de 16 mil casos entre janeiro de 2019 e novembro de 2023.
O Rio Grande do Sul ainda não recebeu doses da vacina, pois não se enquadrou nos critérios adotados pelo Ministério da Saúde para distribuição. Entre eles, municípios com mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de Dengue entre 2023 e 2024 e predomínio do sorotipo 2.
Diante da capacidade de fabricação, o Ministério da Saúde projeta que 3,2 milhões de pessoas sejam vacinadas no Brasil ao longo de 2024. Para 2025, já foram contratadas nove milhões de doses.