Reajustes salariais de março tiveram alta real de 1,52%, aponta Dieese

Todas as regiões conseguiram aumentos reais nos salários em mais de 80% das negociações salariais

Crédito: Divulgação/Sefaz

O desempenho das negociações salariais de março de 2024 apresenta muitas semelhanças com o observado nas duas datas-bases imediatamente anteriores, considerando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme o levantamento Mediador, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a variação real média dos reajustes salariais de março é igual a 1,52%.

E com a incorporação de novos resultados das datas-bases de janeiro e fevereiro, os valores reais médios correspondentes a esses meses sofreram leve redução: em janeiro caiu de 1,91% para 1,81%; e em fevereiro, de 1,63% para 1,57%. As três primeiras datas bases do ano registraram resultados acima da inflação em mais de 85% dos casos; iguais ao índice inflacionário em cerca de 10%; e inferiores ao INPC em percentuais abaixo de 5%, com menor incidência em janeiro (2,8%).

Um fator importante no desempenho das negociações no começo de ano foi a valorização do salário mínimo em janeiro (6,97% sobre o valor vigente desde maio de 2023). Algo em torno de um quarto das negociações do primeiro trimestre registrou reajustes em percentuais entre 6,5% e 7,5%, resultando em ganhos reais que variaram entre 2,8% e 3,6% acima da inflação.

Já o valor do reajuste necessário para as categorias com data-base em abril (e que utilizam o INPC como referência da variação dos preços) caiu de 3,86%, válido para as negociações de março, para 3,4%. Apenas uma negociação de março (0,5% do total na data-base) fechou acordo de reajuste salarial com parcelamento. As demais definiram reajustes em uma única parcela.

RECORTE SETORIAL

No acumulado no primeiro trimestre do ano, ganhos reais foram registrados em 86,1% dos 1.825 resultados analisados até 9 de abril. Reajustes equivalentes ao INPC foram observados em 10,7% dos casos, enquanto os demais 3,2% conseguiram apenas resultados abaixo da variação do índice inflacionário. A variação real média em 2024 é, no momento, igual a 1,75%.

No recorte setorial, as negociações na indústria seguem com os maiores percentuais de reajustes acima da inflação em 2024 (88,0%), seguidas de perto pelos serviços (86,9%). No comércio, aumentos reais foram registrados em 76% dos casos. Todas as regiões conseguiram aumentos reais nos salários em mais de 80% das negociações salariais, com maior frequência no Sudeste – onde são observados em quase 90% dos casos – e no Sul – em 88% dos acordos e convenções coletivas. No Norte, apesar do bom desempenho da região, resultados abaixo do INPC foram registrados em percentual maior do que nas demais regiões.

Segundo o tipo de instrumento coletivo negociado, as convenções coletivas – instrumentos assinados entre entidades sindicais laborais e patronais – apresentam resultados melhores em relação aos acordos coletivos – assinados entre empresas e entidades sindicais laborais – tanto em termos de negociações com aumentos reais de salários (respectivamente, 88,2% e 84,6%) quanto em relação aos reajustes abaixo da inflação (respectivamente 2,3% e 3,9%)

Nesse começo de 2024, o valor médio dos 1.842 pisos salariais analisados foi de R$ 1.611,98; e o valor mediano, de R$ 1.500,00. Na comparação entre os setores, o maior valor médio pertence aos serviços (1.650,14); e o maior valor mediano, ao setor rural (R$ 1.620,90). Já os menores valores são da indústria (valor médio de R$ 1.541,10 e mediano de R$ 1.469,24).