Importados e baixo uso da capacidade instalada geram tensão no setor químico, diz Abiquim

Relatório aponta queda na produção, vendas e demanda interna

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Dados do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC), no primeiro bimestre de 2024 revelam que o setor químico operou com 64% da sua capacidade instalada – dois pontos percentuais abaixo da média do mesmo período de 2023 (66%). O documento foi divulgado nesta terça-feira, 16, pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).

Em 2024, o uso da capacidade permanece no patamar médio de 2023, nível completamente inadequado para o perfil de operações do setor e o mais baixo de toda a série histórica da entidade, que remonta ao ano de 1990. Assim o nível de ociosidade, de 36%, também é o pior patamar dos últimos 30 anos. Dentre os grupos de produtos químicos de uso industrial, destaque para as ociosidades de: intermediários para fertilizantes (39%), intermediários para plásticos (40%), intermediários para fibras sintéticas (79%) e intermediários para plastificantes (60%).

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a entidade vem apontando, há algum tempo, para os riscos de se operar a tão baixa carga no setor, sobretudo por conta dos resultados de produtividade e de eficiência que desestimulam a continuidade da produção. “Infelizmente, algumas empresas paralisaram atividade para manutenções preventivas e outras já falam em hibernar plantas, tornando o risco uma realidade”, alerta.

Os principais índices de desempenho do segmento de produtos químicos de uso industrial mostram estabilidade no 1º bimestre de 2024, porém sobre uma base (janeiro-fevereiro de 2023) que é a pior da série histórica da Abiquim. A produção, as vendas internas e a demanda nacional, medida pelo consumo aparente nacional (produção mais importação menos exportação) – CAN, cresceram 0,04%, 0,24% e 0,02%, respectivamente.

INDICADORES

As importações, em volume, por sua vez, cresceram expressivos 6,3% nos dois primeiros meses de 2024, em relação ao 1º bimestre de 2023; enquanto as exportações apresentaram queda de 1,04%, confirmando a dificuldade do setor, que não está conseguindo competir com a agressividade do importado e nem tampouco buscar alternativas no mercado externo.

Medido pelo Índice Geral de Preços, IGP-Abiquim-FIPE, os preços do segmento de produtos químicos de uso industrial acumularam deflação de 0,44% entre janeiro e fevereiro de 2024, refletindo, basicamente, tendência que se observa no mercado internacional, lembrando, mais uma vez, que a indústria química brasileira é tomadora de preços.