Já é possível dar como certo que os mercados internacionais vão reagir e cair com o acirramento dos conflitos geopolíticos no Oriente Médio, em especial um potencial conflito entre Israel e Irã. Entretanto, analistas consideram ainda prematuro tentar medir as consequências desse conflito.
“Os otimistas, e eu me incluo, acreditam que não vai escalar. Porque a retaliação do Irã foi bem comedida. E Israel, que poderia já imediatamente também contra-atacar, considerando o nível de hostilidade ali na região, um discurso bem sereno, bem tranquilo”, comenta Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.
Antes da abertura dos mercados no Brasil, os mercados no Oriente e Ásia vão abrir, e já será possível ter um sinal de como as coisas vão estar. Pela manhã as bolsas europeias começam, e logo em seguida a bolsa americana. E já é certo que a bolsa americana vai reagir negativamente.
Para Corano, a situação demanda cautela, é preciso fazer uma avaliação diária, a cada hora, a cada período para ir vendo como as coisas vão se comportar. “Eu acredito que Israel não vai revidar tão cedo, os mercados vão sofrer, especialmente no primeiro dia, e depois as coisas devem se acalmar”.
Para o economista André Perfeito, o ataque em si parece não ter atingido nenhum alvo relevante segundo a mídia. “Logo posso imaginar que muito que o Irã fez foi apenas um “teste de força”, algo parecido com a Crise dos Mísseis de Cuba”.
ALTA DO PETRÓLEO
Segundo ele, caso o conflito se espalhe na região, a curto prazo o mundo deverá assistir uma alta do preço do Petróleo nesta semana, o que deverá afetar a política de corte de juros nos Estados Unidos e trazer uma forte alta do dólar no mundo. “Com o Dólar em alta no curto prazo e juros segurados nos EUA o Banco Central do Brasil perde graus de liberdade para cortar a SELIC”, diz.
Caso este cenário se configure, diz o economista, o Brasil poderá se beneficiar no primeiro momento. “Há muito mais o que se ponderar. Será que o Irã de fato quer ir para guerra? Saberemos isso nas próximas horas”.
Para Thomas Monteiro, da plataforma investing.com, se isso não bastasse, é preciso preocupação com o fato de a inflação nos EUA já ter mostrado sinais de resiliência. Ou seja, olhando em sentido macro, uma escalada massiva dos preços de petróleo poderia forçar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a atrasar ainda mais uma mudança no seu ciclo de juros.
DESEMPENHO DAS BOLSAS
No entanto, este não é o único risco. “Acredito que os investidores estejam também precificando mais uma escalada na composição já complicada do quadro geopolítico que o mundo está passando. Isso indica uma composição diferente da economia global no futuro próximo, forçando investidores a reprecificarem o crescimento de empresas que dependem de vendas globais.
Dentro da bolsa, o segmento de defesa deve ganhar interesse, devido ao provável aumento de gastos militares de diversos países. No entanto, e esse ponto deve ser frisado na opinião de Monteiro, no momento seria uma reprecificação de riscos, e não de um processo já consolidado de reconfiguração das cadeias globais. “Investidores não devem entrar em pânico e nem se deixar levar totalmente pela narrativa da guerra”, diz.