O comércio global de bens deve se recuperar gradualmente este ano, após uma contração em 2023 que foi impulsionada pelos efeitos persistentes dos altos preços da energia e da inflação. É o que revela o relatório “Global Trade Outlook and Statistics“, divulgado nesta quarta-feira, 10, pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O volume do comércio mundial de mercadorias deve aumentar 2,6% em 2024 e 3,3% em 2025, após queda de 1,2% em 2023. No entanto, os conflitos regionais, as tensões geopolíticas e a incerteza da política económica representam riscos descendentes substanciais para as previsões.
Os altos preços da energia e a inflação continuaram a pesar fortemente sobre a demanda por bens manufaturados, resultando em uma queda de 1,2% no volume do comércio mundial de mercadorias em 2023. A queda foi maior em termos de valor, com as exportações de mercadorias caindo 5%, para US$ 24,01 trilhões. A evolução do comércio do lado dos serviços foi mais otimista, com as exportações de serviços comerciais subindo 9%, para US$ 7,54 trilhões, compensando em parte a queda no comércio de bens.
Os volumes de importação caíram na maioria das regiões, mas especialmente na Europa, onde caíram drasticamente. As principais exceções foram as grandes economias exportadoras de combustíveis, cujas importações foram sustentadas por fortes receitas de exportação, uma vez que os preços da energia permaneceram elevados para os padrões históricos. O comércio mundial permaneceu bem acima do nível pré-pandemia ao longo de 2023. No quarto trimestre, ficou praticamente inalterado em relação ao mesmo período de 2022 (+0,1%) e só havia subido ligeiramente em relação ao mesmo período de 2021 (+0,5%).
O relatório estima ainda que o crescimento do PIB global às taxas de câmbio de mercado permanecerá praticamente estável nos próximos dois anos em 2,6% em 2024 e 2,7% em 2025, depois de desacelerar para 2,7% em 2023, de 3,1% em 2022. O contraste entre o crescimento constante do PIB real e a desaceleração do volume real de comércio de mercadorias está ligado às pressões inflacionárias, que tiveram um efeito descendente sobre o consumo de bens intensivos no comércio, particularmente na Europa e na América do Norte. Se as projeções atuais se mantiverem, a América do Sul deve crescer mais lentamente, com 2,6%. Já quanto as importações, todas as outras regiões devem ter um crescimento abaixo da média das importações, incluindo América do Sul (2,7%).