Ações da Petrobras caem em meio a crise do pagamento dos dividendos

Repasse de quase R$ 44 bilhões será decidido em assembleia de Acionistas, marcada para o dia 25

A Petrobras concentrou o foco das atenções desta quinta-feira e nada garante que não mantenha as atenções do mercado financeiro nesta sexta-feira, 5. E no ponto central está o pagamento de quase R$ 44 bilhões em dividendos extraordinários, decisão que será tomada na Assembleia Geral de Acionistas, marcada para 25 de abril. A expectativa é que a estatal planejava liberar 100% dos dividendos aos acionistas, mas o Palácio do Planalto, barrou o movimento por meio de seus indicados no Conselho de Administração. Se for distribuído, a estimativa é de que um valor entre R$ 12 bilhões e R$ 13 bilhões caiam nos cofres do governo Federal.

Como se não bastasse isso, o mercado internacional traz mais pressão sobre a estatal, com a cotação do barril desta quinta-feira, superou os US$ 90, pela primeira vez desde outubro do ano passado, com uma alta de 1,5%. Há quase seis meses sem reajustar os preços internos, a Petrobras teria perdido R$ 9,4 bilhões de receita bruta entre maio do ano passado e março deste ano, após ter abandonado em 2023 a política de preço de paridade de importação (PPI) de combustíveis, segundo estudo da associação de refinarias privadas Refina Brasil.

A movimentação de quinta-feira também envolveu uma provável troca no comando da estatal, com a saída de Jean Paul Prates e a cogitação no mercado de apostas que ele poderia ser substituído pelo presidente do BNDES, Aloízio Mercadante. O resultado foi que os papéis da companhia fecharam em baixa de 0,46% (PETR3) e 1,41% (PETR4). As PETR4 está relacionado à preferência que os acionistas têm no momento de receber o pagamento de dividendos e compensações, enquanto a PETR3 permite ao investidor participar de forma direta na tomada de decisões da companhia.

PREÇO DA GASOLINA

A variação das cotações internacionais do barril de petróleo nos últimos dias colocou mais pressão sobre os preços internos dos combustíveis e sobre a Petrobras. A estatal está chegando aos seis meses sem mexer no preço da gasolina em suas refinarias, sendo que a última alteração foi um corte de R$ 0,12 por litro no dia 20 de outubro de 2023, acompanhando queda da cotação internacional do petróleo. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calculava que o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,62 por litro abaixo da paridade de importação.