Advogada nega participação de jovens em montagem de alunas de colégio particular em Porto Alegre

Seis dos nove investigados negam ter produzido imagens falsas envolvendo alunas de colégio particular em Porto Alegre

O inquérito policial soma nove adolescentes investigados por montagens pornográficas envolvendo alunas de um colégio particular, localizado na zona Norte de Porto Alegre. São 16 vítimas das adulterações, segundo a Polícia Civil, feitas com inteligência artificial. Todos os envolvidos são adolescentes.

A defesa de seis dos suspeitos, no entanto, nega envolvimento deles com a produção do conteúdo. Conforme a advogada Luciana Lopes Martins, as imagens falsas teriam sido produzidas por um ex-aluno.

Ela alega que o jovem inseriu o material em um grupo de games, do qual todos os estudantes investigados faziam parte. A maioria deles, diz, teria condenado a atitude do colega.

“A montagem foi colocada em um grupo de WhatsApp, pelo menino que produziu. Os outros apenas participavam para jogar PlayStation, e nem todos viram [a montagem]. Uns receberam no privado e depois apagaram. Outros, viram e acharam absurdo. Só um deles repassou, para outros dois, também falando que era absurdo e que aquilo daria problemas”, disse.

Ainda segundo a jurista, o conteúdo foi produzido em dezembro. A alegação dela é que o caso veio à tona após um desentendimento entre os jovens, quando um dos que havia recebido as montagens decidiu mostrar para as colegas.

Luciana reforça que nenhum dos alunos foi suspenso e que todos entregaram os celulares voluntariamente para análise da Polícia Civil. Em relação ao número de vítimas, na versão dela seriam no máximo cinco, e não 16. Ela também destaca que parte dos investigados está abalada emocionalmente.

“Me compadeço com as meninas e concordo que é preciso responsabilizar quem produziu o conteúdo. Ocorre que os outros estão sofrendo traumas irreversíveis. Eles são chamados de ‘marginais’, por outros colegas, e já foram até ameaçados de linchamento. Um deles chegou em casa chorando e disse que pensava em tirar a própria vida. São acusações irresponsáveis e, se acontecer uma tragédia, depois não adianta prestar solidariedade. É muito sério apontar dedos sem ter provas”, destacou a advogada.

Carlos Thompson Flores, que representa o estudante apontado pelos outros investigados como criador das montagens, evitou declarações.

“Não comento sobre procedimentos que estão em curso. Não me manifesto, principalmente, em relação aos processos sigilosos e, com mais ênfase ainda, aos que envolvem crianças e adolescentes. Não faço manifestações, porque isso gera uma série de suposições que se afastam do que realmente é investigado”, pontuou o advogado.

O inquérito do caso foi aberto, na terça-feira, pela 3º DP de Proteção à Criança e ao Adolescente. Se indiciados, os suspeitos podem responder de acordo com o artigo 241-C do Estatuto da Criança e do Adolescente. A pena é de um a três anos de reclusão, com multa.

A lei tipifica como crime simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual.