O corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, foi considerado “insuficiente” pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) por penalizar a atividade econômica no Brasil. Para o presidente da entidade, Ricardo Alban, a situação da inflação no Brasil já permite, há algum tempo, uma redução mais intensa dos juros reais.
“O Copom também tem que considerar em suas decisões o prejuízo que a elevada taxa básica de juros vem provocando à economia”, afirma o presidente da CNI. A entidade defende que, mantido o cenário de inflação sob controle, “é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião do Copom”
Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), redução dos juros é importante para ajudar na recuperação da atividade industrial. “A manutenção desse ritmo dependerá da evolução da economia e do mercado de trabalho, que, apesar de mostrarem recuperação, trazem preocupações com seus reflexos na inflação de serviços”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Segundo o presidente da FIERGS, o comportamento nas próximas reuniões dependerá da convergência das expectativas de inflação para a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. “Isso, por sua vez, está atrelado ao comprometimento do Governo Federal com a responsabilidade fiscal, bem como à condução da política monetária nos Estados Unidos pelo Banco Central americano”, destaca Petry.
Para o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, a decisão da reunião de março já era esperada e, portanto, já havia sido precificada. “No entanto, a atividade e o mercado de trabalho resilientes, bem como a dificuldade de ancoragem das expectativas da inflação, colocam em dúvida qual será o ponto final do atual ciclo de afrouxamento monetário. A certeza é de que, no fim do ciclo, a Selic vai continuar em patamar restritivo. Se quisermos ter taxas de juros estruturalmente menores, a premissa do equilíbrio fiscal deve ser norteadora das ações do governo”, diz.