Incerteza. É assim que as famílias do entorno da ponte do Guaíba vivem desde 2014 quando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) bateu na porta das casas nas vilas Areia e Tio Zeca prometendo novas moradias devido a construção da nova ponte. De acordo com os moradores, investir em melhorias é impossível, já que a qualquer momento será preciso sair das casas. No local vivem 700 famílias em situação de vulnerabilidade social.
Entre as ruas Voluntários da Pátria e Dona Teodora, é possível ver partes das alças inacabadas com restos os materiais que foram utilizados na obra que está parada. No local, fica o canteiro de obras da construção que está abandonado.
Rogério Porto mora na vila Areia há 8 anos quando comprou um terreno no local e construiu uma casa de madeira após receber a rescisão do antigo emprego para se livrar do aluguel. A promessa em 2014 era de que, cada família receberia R$150 mil para a compra de novas moradias. Rogério diz que a única coisa que aconteceu até hoje foi a atualização dos cadastros com o Dnit.
“Eles medem a casa e perguntam quantos moradores na família. Cadastram fazem a promessa, mas até agora nada. Precisamos de uma resposta, não podemos mais ficar assim sem solução já são anos sonhando com essas moradias”.
Assim como Rogério, a recicladora Rosângela Cabral mora no local desde 2013 ano em que foi feito o primeiro cadastro. Morando com dois filhos e um neto, em 2018 ela fez um novo cadastramento, mas até agora nenhuma resposta foi dada pela compra da moradia. Ela conta que convive com o medo, pois já presenciou queda de cargas de caminhões em acidentes em frente as residências que ficam praticamente em baixo da ponte inacabada. Na expectativa de que as equipes voltem para dar uma previsão, a cada dia que passa fica a incerteza de uma solução aguardada há dez anos.
“Nós não aguentamos mais viver assim desta forma insalubre. O último temporal derrubou casas. A gente vive aguardando com essa incerteza sem saber se um dia realmente sairemos daqui”.
Parcialmente inaugurada em dezembro de 2020, ainda restam quatro alças para serem entregues, mas a data de conclusão é incerta. Conforme o superintendente do Dnit Hiratan Pinheiro, ainda não há nenhum contrato para a que a ponte seja concluída.
“Já tivemos audiências em dezembro de 2022 para apresentar todos os estudos feitos para o andamento da obra e desde lá não temos contrato de obras para conclusão das alças e nem prazos”.
Em nota o Ministério dos Transportes informou que os acessos da 2ª ponte sobre o Guaíba devem ser incluídos no projeto de concessão de quatro rodovias no estado previsto para ocorrer ainda nesse ano. O texto destaca que as obras das alças, e os custos de reassentamento das famílias, estão sendo avaliados na estruturação do projeto. Ainda segundo a nota Como está em fase de estudos, não há definição de prazos de obras e dos serviços complementares.
Já a construtora Queiroz Galvão responsável pelas obras informou que não vai se manifestar sobre o assunto.