Brasileiros gastaram 19,7% a mais nos supermercados em 2023, diz Neogrid

Média foi de R$ 125,34 nas compras feitas em supermercados em 2023

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Os brasileiros gastaram em média R$ 125,34 nas compras feitas em supermercados em 2023, um percentual 19,7% acima de 2022. A avaliação consta em relatório da Neogrid, ecossistema de tecnologia e inteligência de dados que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo. O estudo consiste em análises de mais de 90 milhões de notas fiscais e 2 milhões de produtos monitorados.

 

A inflação, que fechou o ano 4,62%, deu a sua contribuição para esse cenário, mas o aumento do volume de produtos colocados no carrinho de compras a cada ida do consumidor ao ponto de venda exerceu importante influência para esse salto. No período comparado, a média de itens por compra cresceu 20,7%, passando de 14,5 para 17,5 itens, considerando a cesta de alto giro (FMCG).

Analisando individualmente cada cesta, os dados que mais chamaram a atenção foram os dos produtos perecíveis. Do lado do hortifruti, houve queda importante na média de itens (-13,7%) e aumento no tíquete médio (+4,3%), o que ilustra o quanto essa seção sofreu com alta de preços no decorrer de 2023 em função da grande sensibilidade relacionada às questões climáticas, que afetaram muitas culturas da cesta de frutas, legumes e verduras. Já nas carnes e aves, foi observado um movimento inverso, de elevação na média de itens (+10%) e de redução no tíquete médio da cesta (-5,7%).

FALTA DE PRODUTOS

O Panorama de Bens de Consumo 2023 também lançou um olhar sobre a indisponibilidade de produtos no varejo alimentar, que atingiu níveis elevados ao longo do último ano. De acordo com o Índice de Ruptura da Neogrid, a média consolidada entre os meses de janeiro e dezembro foi de 14,14% — resultado 2,59 pontos percentuais acima do registrado em 2022, quando esse indicador ficou em 11,55%.

“O brasileiro começou o ano com o seu poder de compra bastante pressionado e isso se refletiu nas estratégias de abastecimento do varejo, que adotou uma postura mais cautelosa com a reposição”, explica Robson Munhoz, diretor de Customer Success da Neogrid. “Também foi possível observar a tendência de o varejo dar preferência a produtos de alto giro com tíquete médio menor”, complementa.

Diversos são os fatores por trás da indisponibilidade de produtos nas gôndolas, como problemas logísticos, campanhas promocionais sem planejamento, falhas nas previsões de vendas, cenário econômico, dentre outros. Mas, em 2023, considerando apenas o item mais impactado pela ruptura em cada mês, o fator preço foi o destaque. Esse quesito apareceu como causa na maior parte do ano — tanto reduzindo ofertas por causa do aumento dos custos de produção, como também no fomento do consumo por conta da sua redução.

Essa dinâmica ficou muito clara em relação ao leite, que enfrentou oferta limitada no campo, sobretudo no primeiro semestre, em razão do clima. Isso elevou os preços das bebidas lácteas, levando-as ao topo do ranking da ruptura em março, com indisponibilidade de 19,10%. O ovo, por outro lado, foi destaque em ruptura pelo motivo oposto, por conta da redução dos preços, ocupando a liderança dessa lista nos meses de agosto (16,20%), setembro (16,40%), outubro (17,80%) e novembro (18,40%).