Indústria química fecha 2023 com o pior ano da história, diz Abiquim

No período, setor atingiu o menor nível de utilização (64%) da capacidade instalada

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A indústria química brasileira encerrou o ano de 2023 com o menor nível de utilização da capacidade instalada na história do setor, de 64%, indicador que já vinha em queda desde novembro. Conforme os dados do relatório de acompanhamento conjuntural (RAC) feito pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), e divulgado nesta terça-feira, 27,a queda da produção de químicos em 2023 resultou em uma perda de quase R$ 8 bilhões em arrecadação de impostos federais para o país.

O indicador setorial dos produtos químicos de uso industrial apresentou forte recuo na comparação com o ano anterior, em especial o de produção e o de exportação, com recuos de 10,1% e de 10,9%, respectivamente. Ainda que as importações tenham crescido 7,8%, a demanda brasileira medida pelo consumo aparente nacional (CAN) – produção mais importação menos exportação -, caiu 1,5% em 2023, em relação ao ano anterior.

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, esta é a segunda queda consecutiva pois em 2022, a demanda já havia recuado 5,8% na comparação anual. “O setor não consegue competir com a agressividade do importado, tampouco buscar alternativas no mercado externo”. As vendas internas encolheram fortemente, -9,4%, no ano passado. No que se refere à utilização da capacidade instalada, o segmento operou no patamar de 64%, o menor de toda a série histórica da entidade.

PADRÃO

O último ano dentro do padrão da normalidade para a produção de uma unidade química foi em 2007. “De lá para cá, vem se acentuando ano a ano a perda de competitividade no Brasil, com importações crescentes e que ocupam espaço cada vez maior em relação ao atendimento da demanda local. Todos os grupos de produtos pesquisados na amostra do RAC, sem exceção, apresentaram aumento no nível de ociosidade. Por outro lado, apesar da criticidade do momento, todos os grupos de produtos analisados possuem espaço para elevar a produção no curto prazo”, destacou Fátima.

Em relação aos preços, o segmento de produtos químicos de uso industrial acumulou deflação de 12,7% entre janeiro e dezembro de 2023, reflexo, basicamente, do comportamento do mercado internacional. Aqui, vale pontuar a característica da indústria química brasileira de ser tomadora de preços no mercado internacional.

Ainda sobre o volume de importações da amostra de produtos do RAC, os destaques ocorreram nos aumentos verificados nos grupos de intermediários para resinas termofixas (+85,8%), plastificantes (+57,3%), resinas termofixas (44,2%) e resinas termoplásticas (+17,1%). Como a demanda local encolheu no ano passado, a parcela maior de importações sobre essa demanda menor cresceu, alcançando 47% em 2023, o resultado mais elevado dos últimos trinta anos.

De acordo com Coviello, a situação fica ainda mais crítica quando se avalia o crescimento do volume importado dos produtos da amostra deste relatório versus os seus respectivos preços médios dessas importações, cujo valor médio unitário teve recuo de quase 34%.