O Elas do Agro, uma rede de conexões entre mulheres do agronegócio, está programando para este ano um calendário de dias de campo em propriedades da Metade Sul do Rio Grande do Sul que são administradas por mulheres. Entre os temas que serão abordados e já confirmados estão Integração Lavoura-Pecuária, Pecuária de Elite e Agricultura, Seleção Genética e criação da raça Brangus e Produção de Olivas.
A criadora do Elas do Agro, Fabíola Lopes, explica que a ideia, nesses momentos, é conversar e gravar depoimentos com as mulheres que estarão participando. “Todas as propriedades escolhidas hoje estão sendo lideradas por figuras femininas e também temos a intenção de, a médio prazo, ter um grande evento para reunir essas lideranças todas, criar uma grande oportunidade de networking e dar bastante ênfase para que essas mulheres possam contar as suas histórias e mostrar o seu trabalho e, assim, viabilizar uma grande troca de informações de como elas estão trabalhando e como elas estão achando novas soluções, como elas estão inovando e se destacando”, explica.
Fabíola conta que a ideia da rede surgiu depois que se entendeu que no mercado rural, que por muitos anos foi totalmente dominado por homens, hoje as mulheres estão com uma presença bem forte, tanto em quantidade quanto em qualidade. “Elas já estão assumindo cargos bastante relevantes e fazendo a diferença na área. Então, nós gostaríamos de dar um enfoque especial para essas pessoas e dessa forma também possibilitar que novas mulheres que estão trabalhando no anonimato tenham oportunidade de serem reconhecidas, e estimular outras que até então tinham intenção, vontade, mas não conseguiram abertura para fazê-lo”, salienta.
A criadora do Elas do Agro explica que existe agora um cenário de muitas mulheres em que o marido, de uma hora para outra, não pode mais seguir trabalhando no negócio por conta de saúde ou das mulheres que herdam campo ou alguma empresa do setor rural, ou seja, pessoas que tinham uma vida totalmente urbana e que, de uma hora para outra, se deparam com uma nova realidade. “Antigamente simplesmente arrendavam e tocavam a vida, ou vendiam as empresas. Hoje não. Hoje temos muitas mulheres que têm uma vida profissional sólida, mas, que ao terem que assumir uma nova responsabilidade, acabam mudando a vida e indo para fora. Então essa é uma coisa que também o Elas do Agro poderá ajudar, conectando mulheres, possibilitando informações através de uma rede de pessoas que têm histórias semelhantes, e que possam se apoiar nesse momento de reiniciar uma carreira e conhecer uma nova área”, ressalta.
Fabíola reforça também a mudança no mercado, onde antigamente existiam algumas áreas em que não havia possibilidade de uma mulher entrar. “Hoje em dia elas estão, sim, mesmo que estudem economia, marketing, outros cursos mais urbanos, conseguindo usar todo o seu conhecimento em empresas que têm um direcionamento totalmente rural. Hoje existe um novo filão, inclusive nas próprias concessionárias de máquinas agrícolas, em que arrisco dizer que há dez ou 15 anos não se encontravam mulheres, a não ser para servir o cafezinho ou ser recepcionista em feiras. Hoje tem mulher que entende muito e que está trabalhando na linha de frente, em algumas concessionárias fortíssimas que estão revolucionando o mercado, inclusive lideradas por mulheres”, observa.
Segundo a criadora do Elas do Agro, se nota que as mulheres estão sempre em busca de capacitação, talvez por serem mais novas no setor, ou por terem essa vontade de aprovar a sua capacidade e necessidade disso. Elas estão muito presentes enquanto espectadoras em palestras e cursos. “E nós queremos, hoje, já que temos mulheres muito bem capacitadas e capazes de também terem conhecimento para dividir, tirá-las só da cadeira do público e colocá-las também no palco para dividir a sua experiência, falar e compartilhar as informações que já adquiriram”, explica.
Além desta iniciativa, o Elas do Agro, que tem Henrique Borges como coordenador de estratégias, estará participando de outros eventos buscando histórias inspiradoras de mulheres no campo, como o Dia de Campo da Agricampanha, no dia 29 de fevereiro, assim como na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). “Nós queremos possibilitar que as pessoas possam trazer informações e que possa haver uma boa comunicação entre as diferentes áreas do setor rural. E nós temos a intenção também de buscar novos canais, novos veículos para podermos levar todo esse nosso conteúdo em diferentes formatos para abranger o maior público possível”, finaliza.