Traficante investigado por 30 homicídios é enviado ao Complexo Prisional de Canoas

Red, como é conhecido, vai permanecer em cela isolada na Pecan por ao menos dez dias

Red foi interrogado em Porto Alegre, um dia após ser preso em SC | Foto: Marcel Horowitz / Especial CP

Um comboio de oito viaturas estacionou na Cidade da Polícia, como é chamado o complexo da segurança na zona Leste de Porto Alegre, às 23h10min de quinta-feira. A escolta acompanhava o traficante conhecido como Red. Ele vinha de Santa Catarina, onde foi preso no dia anterior, em Garopaba.

O interrogatório ocorreu após seis meses de buscas pelo traficante. Red chegou a ser o foragido mais procurado da Capital. A Polícia Civil aponta que ele teria envolvimento em pelo menos 30 homicídios, quase todos motivados pelo controle de pontos de tráfico.

Nas primeiras horas desta sexta-feira, Red chegou à Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan). Ele vai ficar pelo menos dez dias isolado em uma cela, onde passará por avaliação e exames médicos. O procedimento é adotado como padrão nas cadeias gaúchas.

Uma das razões da escolha da Pecan são os mecanismos que facilitam o isolamento dos detentos. O Complexo Prisional de Canoas é único no RS que tem bloqueadores de celular. Passado o isolamento, as forças de segurança vão analisar se Red deve permanecer na unidade ou se vai ser transferido para outro presídio gaúcho. O envio dele ao sistema penitenciário federal não é descartado.

Outra dúvida é para qual galeria o detento pode ser enviado, uma vez que os apenados geralmente se dividem por facções. Red teria fundado uma quadrilha própria, chamada Comando Nova Geração. A instituição afirma que prisão dele também significa o fim da gangue.

Conforme as forças de segurança, o grupo de Red não chegou a ganhar espaço no sistema prisional. A reportagem apurou que ele teria dito aos policiais civis que preferia ser enviado para alas da facção Os Abertos, a quem teria se aliado após romper com antigos comparsas na zona Norte da Capital.

Quem é Red

A Polícia Civil indica que Red é pivô de uma guerra entre facções no bairro Mario Quintana, na zona Norte de Porto Alegre. Ele também é apontado como fundador da quadrilha Comando Nova Geração.

Antes de formar um grupo próprio, Red atuava como gerente de uma facção com berço no bairro Bom Jesus, na zona Leste, mas que também tem atuação na zona Norte.

Quando era gerente, Red tinha como chefe José Dalvani Nunes Rodrigues, o ‘Minhoca’, preso em 2016 no Paraguai e transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, no ano seguinte.

As investigações revelaram que a ausência do líder fez com que Red expandisse sua influência na zona Norte, a ponto de sair do grupo e formar uma nova quadrilha, intitulada ‘Comando Nova Geração’. Desde então, ele teria se aliado a traficantes das vilas Jardim e Cruzeiro, além de grupos do Loteamento Timbaúva, para fazer frente ao poder bélico da antiga facção.

Bruxo da Safira

Segundo a Polícia Civil, o bando de Red chegou a movimentar aproximadamente R$ 1 milhão por semana, após tomar pontos de tráfico no bairro Mário Quintana. Os entorpecentes, na maior parte, vinham de países vizinhos.

O criminoso também é conhecido como “Bruxo da Safira” — em referência ao tráfico na Vila Safira. Ele acumula delitos há pelo menos 13 anos, respondendo, além de homicídios, por lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e posse irregular de armas.

Apesar dos antecedentes, o criminoso foi preso apenas uma vez, em 2010. Na ocasião, ele foi colocado novamente em liberdade onze meses depois.