O Tribunal de Justiça vai julgar os recursos do Ministério Público do RS (MPRS) para aumentar a pena estabelecida a Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, morto aos 11 anos em 2014, em Três Passos. Também serão julgados os pedidos dos advogados dele para anular o segundo júri que, em março do ano passado, o condenou a pena de 31 anos e oito meses de prisão pelo homicídio do filho.
O segundo julgamento foi realizado pois o primeiro, ocorrido em 2019, foi anulado após dois anos. Na ocasião, a Justiça considerou que houve quebra da paridade de armas (ou seja, igualdade de tratamento entre as partes do processo) durante o interrogatório do réu. O primeiro júri condenou Boldrini a 33 anos e oito meses de prisão. Também foram condenados Graciele Ugulini (34 anos e sete meses de reclusão), madrasta da vítima, a amiga dela Edelvania Wirganovicz (22 anos e dez meses) e Evandro Wirganovicz (nove anos e seis meses), irmão de Edelvania.
“Nesse momento, o MPRS é a única voz da vítima. O menino Bernardo não tem qualquer familiar que possa representá-lo e por ele buscar que seja feita efetiva justiça”, destacou a promotora Alessandra Moura Bastian da Cunha.
Já a promotora Lúcia Helena Callegari, que atuou no segundo júri, ressalta que, na época, não houve nulidades em plenário, já que o julgamento transcorreu com tranquilidade e com todas as garantias do acusado sendo obedecidas. “Estamos atentos ao julgamento do recurso e vamos buscar a validação do julgamento anterior. Alguém tem de falar pelo Bernardo. Ele não tem mais a avó, ele não tem mais mãe. O pai, que deveria amá-lo, o matou ou então participou de todo esse esquema da morte”.
O corpo do menino foi encontrado em Frederico Westphalen, após dez dias do desaparecimento. Ele morava com o pai, a madrasta e uma meia-irmã, de um ano, no município de Três Passos. Segundo a Polícia Civil, a criança foi dopada e morta, sendo enrolada em um saco plástico e enterrada em área de mata.