Brigada Militar usa bombas de efeito moral para dispersar multidão na Cidade Baixa

Deputados gaúchos criticaram atuação das forças de segurança

Foto: Brigada Militar/Divulgação

A Brigada Militar acompanhou as festividades de Carnaval 2024, em Porto Alegre. Em  ruas da Cidade Baixa, como Lima e Silva, República e José do Patrocínio, foram registradas ocorrências em razão de brigas, que poderiam desencadear em uma confusão generalizada, ou em virtude de objetos arremessados em policiais militares.

Conforme o Comandante do 9° Batalhão de Polícia Militar, tenente coronel Fábio da Silva Schmitt, em uma das ocorrências os policiais militares fizeram uso de bombas de efeito moral e granadas de luz e som após garrafas serem arremessadas nos servidores.

“O pessoal tá passando assim, eles ouviram barulho de garrafas, também era uma briga lá entre alguns grupos. Aí o pessoal desceu, foi olhar, pediu pra parar. Começaram a jogar garrafas nas nossas guarnições. Aí sim, houve o uso de material, vamos dizer assim, de granada, de luz e som, de efeito moral”, citou.

Os policiais militares buscam mediar as confusões sem o uso de força, conforme explica o Comandante do 9° Batalhão de Polícia Militar, Tenente Coronel Schmitt.

“Ontem eu estava o tempo todo junto e somente aconteceu a precedida de aviso, de mediação, a gente avisou bastante em relação ao comportamento dos foliões, digamos assim, e, na maioria das vezes,  começa a ocorrer pequenas brigas ou brigas grandes. Então para que isso não se torne uma briga generalizada, a gente intervém, a gente solicita que sejam esses movimentos. E por vezes também eles, como foi o caso ontem, atiram garrafas, atiram pedras das nossas guarnições”, explicou.
O principal objetivo das ações é a preservação da vida, seguido pelo combate a perturbação do sossego, que teve mais de 30 solicitações entre esta sexta e terça, somente na área de atuação do 9° Batalhão.
“E o principal objetivo que a gente faz, no segundo momento é a perturbação do sossego, mas o primeiro e principal deles é a preservação da vida. E tem dado certo. Não temos sequer ninguém machucado ainda”, reforçou.
As ações foram criticadas por deputados gaúchos, que estenderam a crítica a gestão municipal. A deputada estadual Laura Sito (PT) menciona que é necessária uma revisão da atuação das forças policiais.
“Olha, inadmissível que tenha virado rotineiro na cidade de Porto Alegre, qualquer manifesto popular ser reprimida desta maneira pelas forças policiais. O uso de cavalaria com um saibro, o uso de gás de pimenta, balas de efeito moral, ainda mais durante o carnaval uma festa popular, depois dos blocos, dispersão em 30 minutos, seja com tanta violência assim, como a gente vem testemunhando, e não é o primeiro ano que isso ocorre. É necessário uma revisão profunda da atuação das polícias, inclusive uma revisão disciplinar da atuação individual de alguns destes entes das Forças Armadas gaúchas. É inadmissível que um jovem, um cidadão, uma cidadã que está ali, comemorando a maior festa popular do Brasil, seja reprimido. Desta maneira, Porto Alegre precisa se preparar também para ser um ambiente da cultura, do lazer, da troca de afeto entre os seus cidadãos e cidadãs”, critica.
O deputado estadual Matheus Gomes (Psol), em publicação na rede social X, chama de rotineira a ação com uso da força policial: “Carnaval em Porto Alegre é assim: caso de polícia. Esse vídeo é da madrugada desse domingo, esse é o famoso “método de dispersão” da Brigada Militar e do Sebastião Melo. Não dá nem pra falar que é inacreditável, por que faz anos que é assim. É revoltante, é triste demais!”
A deputada federal Fernanda Melchionna (Psol), também em uma publicação na rede social X, menciona a desproporcionalidade do uso da força: “Carnaval em Porto Alegre virou sinônimo de agressão e repressão da polícia militar, que de maneira desproporcional agride foliões e força a interrupção da festa. Melo transformou a cidade, que já foi um reduto de liberdade, num ambiente de perseguição e violência.”
Procurada, a Prefeitura de Porto Alegre preferiu não se manifestar.