MP denuncia ex-companheiro de personal trainer por feminicídio em Montenegro

Corpo de Débora Michels Rodrigues da Silva foi deixado em frente à cada dos pais

Foto: Arquivo pessoal / CP

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou por feminicídio o companheiro da personal trainer Débora Michels, de 30 anos, encontrada morta na frente da casa dos pais, no bairro Centenário, em Montenegro, no Vale do Caí. O homem, de 48 anos, é acusado por homicídio qualificado pela questão de gênero, dentro de um contexto de violência doméstica e familiar, por motivo torpe, já que houve asfixia, e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima. A denúncia está sob análise do Tribunal de Justiça.

O crime ocorreu no dia 26 de janeiro. O casal estava junto há pelo menos dez anos. O acusado confessou a autoria do crime à Polícia Civil e, no momento, se encontra preso preventivamente.

Em depoimento, o homem afirmou que a companheira perdeu a consciência depois de tê-la jogado contra um móvel da casa onde moravam juntos. Após isso, o homem resolveu abandonar o corpo, sob um cobertor, na calçada em frente à residência dos pais da vítima, antes de fugir.

O promotor Paulo Eduardo de Almeida Vieira, responsável pela denúncia, ressalta que o fato do homem ter colocado o corpo da vítima na frente da casa de familiares causou uma abalo moral, psicológico e emocional aos pais dela. Ele acrescentou que nunca tinha visto caso semelhante nos 30 anos que atua como promotor de Justiça.

“Um caso extremamente grave, caracterizado pela brutalidade e pela insensibilidade moral. E que, com certeza, merecerá a devida censura pelo júri devido a sua gravidade. Esperamos que este processo tramite o mais rápido possível e logo chegue ao Tribunal do Júri para que, então, a sociedade de Montenegro possa dar a resposta devida à tamanha brutalidade e gravidade da conduta praticada pelo acusado”, destacou o promotor.

O assassino confesso está preso preventivamente. Na data do crime, ele chegou a prestar depoimento, acompanhado de um advogado, na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Montenegro, mas foi liberado. Na ocasião, a Justiça havia negado o pedido de prisão, mesmo com o parecer favorável do Ministério Público. A detenção foi autorizada após um pedido de reconsideração, feito pela Polícia Civil.

Débora era formada em educação física e atuava profissionalmente há 11 anos. Não havia registro de ocorrências sobre violência doméstica e nem pedido de Medida Protetiva de Urgência por parte da vítima.

Nos dias que se seguiram ao crime, o irmão da vítima, Alex Michels, disse à Record RS que o casal já havia acertado os termos da separação. O criminoso, segundo ele, chegou a conversar com o pai de Débora sobre a questão, no dia anterior ao homicídio. “Um dia antes do crime, ele e meu pai conversaram sobre a separação. Tudo parecia estar bem, até meus pais acordarem com a filha deles morta na frente de casa”, afirmou.