É recorrente que usuários da Trensurb tenham suas rotinas afetadas por atrasos – ou até suspensão temporária – de trens em uma das 22 estações atendidas pela estatal. Ao menos 74 ocorrências em 2023 foram relacionadas a furto de cabos, uma a cada cinco dias. O prejuízo de mais de 5.890 metros de fios roubados foi de R$ 2 milhões.
Apesar de seguir causando transtornos à população, o número de casos reduziu em relação a 2022, quando 99 ocorrências foram registradas.
Grande parte das ocorrências no ano passado, de acordo com a Trensurb, foram no trecho entre as estações Sapucaia do Sul e Unisinos. Como os furtos costumam ser de madrugada, a região acaba atraindo os receptores por conta da má iluminação e do volume de vegetação, que ajudam a encobrir os roubos.
O histórico fez com que a estatal concentrasse algumas medidas no trecho, como a substituição de tampas das canaletas por onde passam os cabos por modelo mais pesado, para dificultar sua remoção. Além disso, as rondas de segurança passaram a ser mais frequentes nesta região.
Quase 500 registros de vandalismos
Para além do furto de cabos, outros crimes também foram registrados no principal meio de transporte que liga a capital à região dos Sinos.
Pichações aos trens foram reportadas em 73 ocorrências, uma área total aproximadamente de 1.092 m². O prejuízo gerado foi de R$ 88.400.
Houve também vandalismo, com depredação do patrimônio público. Este tipo de crime foi cometido 482 vezes durante o ano passado, provocando um custo de R$ 215 mil.
Canos, vidros e extintores foram quebrados, em outubro do ano passado, durante uma briga generalizada entre torcedores que usavam o transporte após uma partida de futebol. A Trensurb pediu o ressarcimento ao clube de futebol pelos prejuízos do episódio.
“Legislação talvez precisa se adequar”
O governo gaúcho encerrou o ano de 2023 com a apreensão de 8 toneladas de fios e cabos de origem ilegal, além da prisão de 14 pessoas em flagrante.
As ações permanentes da Operação Fios e Cabos ajudam a coibir a compra e venda ilegal do cobre. “A questão se deve ao receptador que tem um valor [de mercado] agregado muito alto e acaba estimulando esse círculo vicioso”, diz o coordenador da operação, tenente-coronel Jefferson Eroni.
Eroni propõe uma segunda medida. “A legislação talvez tenha que se adequar a repressão em flagrante deste tipo de crime.”
Enquadra-se como receptação qualificada adquirir, receber, vender ou transportar produto de crime. A pena é reclusão de 3 a 8 anos e multa. Já a pena para o roubo é de 4 a 10 anos de reclusão.
O material apreendido nas operações é encaminhado à operadora de energia ou telefonia da qual pertencia.
Como denunciar
As denúncias sobre qualquer atividade irregular podem ser encaminhadas, de forma anônima, para a SSP. O cidadão pode denunciar por meio do telefone 181 (Disque-Denúncia) ou pelo formulário disponível no site da pasta (Denúncia Digital 181).