Prefeito de Sapucaia do Sul prevê aumento de ações judiciais na saúde após redução nos repasses do Estado aos municípios da Região Metropolitana

Estimativa é que o município tenha redução mensal de R$ 2,2 milhões; outras cidades da região ainda contabilizam diminuições

Foto: Jéssica Kasper/Rádio Guaíba

O prefeito de Sapucaia do Sul e tesoureiro da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), Volmir Rodrigues, prevê aumento de ações judiciais na saúde em razão da retirada de serviços dos hospitais, como consequência da redução dos valores do Programa Assistir aos municípios metropolitanos. Ele estima redução mensal de R$ 2,2 milhões em Sapucaia do Sul e classifica o cenário como preocupante. As declarações foram feitas no programa Bom Dia, da Rádio Guaíba, nesta terça-feira. 

“Eu acredito que a partir de agora nós vamos ter uma enxurrada, olha o que eu tô falando, de ações judiciais na saúde, porque se já estava difícil, tu imagina retirando 2,2 milhões [de reais no município] por mês. Isso vai acarretar em mais de 27 milhões [de reais no município] retirados da saúde pública. A região metropolitana hoje, Sapucaia, Esteio… Canoas é referência, atende mais de 200 municípios no Hospital Universitário. Então, na última reunião que nós tivemos, o nosso presidente [da Granpal] Leonardo [Pascoal, prefeito de Esteio] já anunciou, conjuntamente, a retirada de serviços dos hospitais. Então nós vamos começar uma análise agora para ver como vamos fazer isso, mas é preocupante. Não adianta dizer que nós estamos, ah, vai dinheiro para… Não vai, retira de um lugar, bota no outro, o cobertor é curto”, declarou. 

A manifestação ocorre após o anúncio do Governo do Estado, nessa segunda-feira, da ampliação do valor repassado ao programa Assistir, que vai destinar mais R$ 164 milhões e 500 mil à saúde. Ao todo, os recursos devem chegar a quase R$ 1 bilhão ao ano. Volmir Rodrigues considera, porém, que não é possível chamar de “investimento” e considera apenas um remanejo de verbas. O prefeito teme que retorne a chamada “ambulância-terapia”, o encaminhamento, em ambulâncias, de pacientes da região metropolitana para Porto Alegre.

“E aí, quando diz assim, ah, estamos investindo em saúde, mas estão tirando de um para botar no outro. Vamos lá, tu e a tua família, tu, teu irmão e teu pai vão fazer um churrasco. O João, o Paulo e o Pedro vão fazer um churrasco e vamos dividir esse dinheiro. O Paulo não tem dinheiro, vamos tirar o dinheiro do João e vamos dar para o Paulo. Vai faltar para o churrasco do João. O Paulo vai ficar faceiro que vai ter dinheiro para o churrasco. Então tu tira de um para colocar no outro. Hoje, a região metropolitana é uma referência em saúde. No passado, quando não tinha essa referência, não tinha esse atendimento, que não tinha esse incentivo, nós tínhamos uma coisa chamada ambulância-terapia, que as ambulâncias tudo levavam pra Porto Alegre. Chegava na frente da Santa Casa, do Clínicas, filas e filas de ambulância”, criticou. 

Questionado sobre possíveis soluções, o prefeito de Sapucaia do Sul citou que os municípios vão precisar investir mais dinheiro na saúde e “tirar um coelho da cartola”.

“Nós estamos discutindo, estamos dialogando desde 2021 o Assistir e todos os prefeitos vêm passando para a secretária Arita [Bergmann, secretária da saúde], ao Governo do Estado, as dificuldades que nós teremos. Os municípios vão ter que investir mais em saúde, vão ter que tirar coelho da cartola”, respondeu.

Outros municípios da região metropolitana ainda calculam as reduções nos repasses. A estimativa da Granpal, antes do anúncio feito nessa segunda-feira, previa perdas de R$ 200 milhões, ocasionando a redução dos serviços. A entidade deve se reunir nos próximos dias para tratar do assunto.