A balança comercial fechou o ano de 2023 com um superávit recorde de US$ 98,8 bilhões. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 23, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O ICOMEX, divulgado pela fundação, ressalta a contribuição da agropecuária e da extrativa para o aumento das exportações, enquanto a indústria de transformação registrou recuo no volume exportado.
Para o aumento do superávit, também contribuiu o recuo das importações. O maior superávit foi o da agropecuária, US$ 74,3 bilhões, seguido da extrativa, no valor de US$ 62,8 bilhões. Tanto a agropecuária como a extrativa elevaram seu superávit em relação ao de 2022 e contribuíram cada uma com aumento de US$ 8,6 bilhões para o superávit da balança comercial de 2023.
O déficit da indústria de transformação passou de US$ 57,2 bilhões para US$ 37,7 bilhões, uma redução de US$ 19,5 bilhões. Logo, a redução do déficit da indústria de transformação contribuiu para o aumento do superávit em 2023, se mantido o déficit de 2022, o superávit da balança comercial teria sido de US$ 78,7 bilhões. Essa queda foi explicada pelo maior recuo nas importações do que nas exportações. Por último, a China explicou 52% do superávit brasileiro.
PERSPECTIVA
Quais as perspectivas para 2024? A Secretaria de Comércio Exterior estima um saldo de US$ 94,4 bilhões para 2024, enquanto algumas projeções de mercados são menos otimistas com projeções de saldos ao redor de US$ 75-80 bilhões. Dada a importância da China para o resultado de 2024, a primeira questão é o que se pode esperar em relação a esse mercado.
Não há consenso de qual será o crescimento da China: o governo do país estima em 5,2% , mas os analistas de mercado e o FMI estimam algo entre 4% e 4,5%. No entanto, não é esperado que essa ligeira desaceleração tenha um forte impacto negativo nas exportações brasileiras.
Os produtos demandados pela China estão associados a requisitos alimentares e de energia. A dúvida pode ser o minério de ferro, que depende dos investimentos em infraestrutura. No caso dos Estados Unidos, a se confirmar a redução na taxa de crescimento, é provável que a demanda por exportações sofra uma pequena queda. Na Argentina, não há sinais de recuperação no próximo ano.
Do lado das importações, apesar da previsão de menor crescimento do produto brasileiro para 2024, é esperada uma pequena melhora no desempenho da indústria de transformação, o que elevaria as importações. No caso dos preços, as incertezas dominam em relação ao petróleo e as tensões geopolíticas e, no caso de produtos agropecuários, aos efeitos climáticos.