O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) atingiu 109,1 pontos em janeiro, com uma alta de 0,8% em relação ao mês anterior. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 23, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Essa recuperação interrompe uma sequência de quatro quedas consecutivas, revelando uma virada positiva nas perspectivas do varejo. A melhor percepção sobre o consumo atual no mês de janeiro contribui para o aumento do otimismo, indicando que as condições de mercado estão em sintonia com as expectativas dos comerciantes.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a recuperação do Icec em janeiro é um sinal positivo para o começo de 2024. “Aponta um otimismo moderado, aliado à melhora das condições atuais do setor, mas com a prudência necessária diante do atual cenário”, afirma Tadros. Para ele, a confiança dos varejistas junto com os dados da pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), que mostraram maior predisposição das famílias brasileiras para consumir, refletem um equilíbrio entre otimismo e cautela.
CONFIANÇA
O destaque desse período foi o crescimento de 4,5% na confiança dos empresários em relação às condições atuais do setor, na comparação com dezembro do ano passado. As expectativas dos empresários também registraram incremento, com o indicador geral apresentando um aumento de 0,3%.
“Esse resultado significou a saída das taxas anuais negativas, indicando um retorno à estabilidade entre janeiro de 2024 e 2023”, explica Felipe Tavares. A expectativa dos varejistas para suas empresas registrou a maior variação mensal desse grupo de indicadores – 0,6%. Além disso, a expectativa para a economia destacou-se na variação anual, com acréscimo de 1,1%. “O conjunto desses dados mostra maior otimismo entre os empresários no presente, contrastando com perspectivas mais cautelosas para o futuro”, avalia o economista-chefe da CNC.
As intenções de investimento, no entanto, tiveram uma leve queda de 0,1%, refletindo a cautela dos consumidores para os próximos meses. No detalhamento dos itens analisados, a contratação de funcionários e a avaliação dos estoques foram os únicos indicadores com uma retração de 1% em ambos. A queda mensal das intenções de investimento revela o cuidado dos empresários em alocar mais capital na empresa antes de terem sua confiança confirmada, apontando um ambiente de incerteza econômica.
A proporção de comerciantes que planejam reduzir suas contratações atingiu 37% em janeiro de 2024, o maior nível desde junho de 2023. Essa expectativa reflete a preocupação dos consumidores com o mercado de trabalho, uma tendência também observada nos resultados de janeiro da pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também realizada pela CNC. O alto nível de inadimplência das empresas, que chega a 3,6%, representa a maior dificuldade dos estabelecimentos em manter seus fluxos de capital, mesmo com as taxas de juros mais acessíveis do que no ano passado.
OTIMISMO
A confiança do empresário do comércio cresceu em janeiro em todos os segmentos do varejo pesquisados. O comércio de produtos de bens essenciais teve o maior crescimento mensal, atingindo um aumento de 3,8% nas séries com ajuste sazonal. Já o grupo de produtos duráveis aumentou 1,6%, beneficiado pelo acesso facilitado a esses produtos por causa dos juros mais amenos, conforme revelado pela ICF.
Em relação à percepção atual do comércio, a única atividade em queda foi a de bens semiduráveis, apresentando uma retração de 1,2%. Esse declínio pode ser atribuído ao foco das famílias em bens essenciais, refletindo uma queda de 0,5% na ICF de janeiro. Apesar de os duráveis não estarem nessa categoria, foram auxiliados pela melhora do mercado de crédito.
Mesmo com o corte de juros favorecendo o segmento de bens duráveis, os empresários desse setor ainda enfrentam desafios. Conforme Felipe Tavares, as famílias, já endividadas, controlam seu orçamento para evitar a inadimplência, impactando as intenções de investimento. “Assim, esses comerciantes não experimentam totalmente os efeitos positivos dos cortes na Selic, uma vez que a demanda está desaquecida”, conclui o economista-chefe.